O projecto “Canário na Mina” esteve no centro das atenções da Europa nos dias 8 e 9 de Abril, durante o Festival do Novo Bauhaus Europeu. Este evento, realizado em Bruxelas e transmitido em directo para o todo o mundo, ofereceu uma plataforma global para promover e dar a conhecer os esforços e os resultados conquistados pelo projecto desenvolvido em Arganil pela Universidade de Harvard e pelo município, após os devastadores incêndios de 2017 e com o objectivo de enfrentar os desafios e explorar as potencialidades dos territórios rurais e das suas comunidades.
“A nossa prioridade é utilizar a arquitectura paisagística, a revitalização económica e o pensamento inovador para desenvolver estratégias espaciais sustentáveis e resilientes, trabalhando em colaboração com as comunidades e os agentes locais”, explicou a docente de Harvard e principal impulsionadora do projecto, Sílvia Benedito.
O projecto “Canário na Mina” é um laboratório de co-pensamento e co-criação, que combinam o conhecimento ecológico tradicional e as práticas regenerativas para fins multioperacionais. “Na degradação climática de hoje, a questão não é ‘se’, mas ‘como’ antecipamos e como nos adaptamos a períodos de seca mais longos, aos incêndios, perturbações ecológicas e ao aumento dos movimentos sociais”, sublinhou a docente de Harvard.
Neste contexto de antecipação e combate às consequências das alterações climáticas, a apresentação do projecto contou com a participação especial da cabra bebé “Matilda”, representante de uma nova geração de cabras para limpeza florestal em Arganil.
“O projecto ‘Canário na Mina’ levou-nos a adoptar uma abordagem integrada, evidenciando também o papel de outros aliados nesta missão, como os herbívoros, que ajudam a manter as cargas de combustível reduzidas destas paisagens ecológicas, protegendo a população local contra incêndios florestais ou fornecendo-nos leite para a economia do queijo na região”, apontou Sílvia Benedito.
No evento satélite, realizado no formato de mesa-redonda, o projecto “Canary In The Mine” esteve em destaque sob a perspectiva De-carbonize, De-climatize, De-colonize: Multi-disciplinary Design Innitiative in the Rural. Em debate estiveram a gestão ambiental, revitalização rural, biodiversidade e participação comunitária.
Além de Sílvia Benedito e do presidente da CM de Arganil, Luís Paulo Costa, participaram no evento a investigadora Sílvia Martins e os representantes das entidades parceiras do projecto: Instituto Politécnico de Coimbra, União das Freguesias de Cepos e Teixeira e as Juntas de Freguesias de Arganil e Benfeita.
A participação conjunta destas entidades evidencia o compromisso colectivo com a revitalização de territórios de baixa densidade, assim como a procura por soluções inovadoras e sustentáveis.
O projecto desenvolvido pela Graduate School of Design da Universidade de Harvard, através de Sílvia Benedito, recorde-se, teve início em 2018, com o objectivo de desenvolver soluções que aumentem a resiliência da paisagem no território, em particular nas várias aldeias afectadas pelos fogos de 2017.