Home - Opinião - Cartas ao Director - “Se quiseres ser bom Juiz ouve o que cada um diz”

Solicito a publicação de uma carta que recentemente foi dirigida ao Sr. Presidente da Assembleia de Freguesia de Meruge.

“Se quiseres ser bom Juiz ouve o que cada um diz”

Exmo. Sr. Presidente da Assembleia de Freguesia de Meruge

José António Figueiredo Costa, eleito pela Lista OHS, como representante na Assembleia de Freguesia de Meruge, vem por este meio comunicar, de acordo com o disposto no número dois do artigo 76 da Lei 169/99 de 18 de Setembro, a intenção de cessar a sua actividade como representante na referida Assembleia.

A representação passará a ser assegurada pelo segundo elemento da lista supra mencionada de acordo com o disposto no número quatro do artigo acima referido. Tal decisão foi tomada após prolongada ponderação e uma vez atingidos os objectivos iniciais da minha candidatura às eleições autárquicas.

A partir de agora, estarei vigilante e continuarei a colaborar com as entidades oficiais. As razões que me levaram a dar a cara por um novo projecto para a Freguesia foram, no essencial, alcançadas. Entendo que a minha candidatura já despertou uma nova geração de valores que prosseguirão esta luta. Um combate por uma democracia informada e participada, com novas iniciativas e uma renovada dinâmica.

O importante é as pessoas participarem e, sem sombra de dúvida, que como oposição agitámos as águas, questionámos e fizemos o verdadeiro papel de uma oposição construtiva. Por alguma razão a lista vencedora das últimas eleições tem vindo a perder votos sistematicamente (em 2001 – 317 votos; em 2005 – 291 votos e em 2009 – 256 votos).

A tendência é clara e mais cego é aquele que não quer ver. Fomos, somos e seremos uma alternativa. A exigência é uma qualidade, ainda mais quando os recursos são escassos. A oposição e a população devem, e têm o direito, de exigir. Exigir acesso a contas, actas, património, etc. Aliás, quem não deve não teme.

Os motivos pelos quais concorri foram afectivos e racionais. As razões que me levam, agora, a abdicar do cargo para que fui eleito são razões pessoais e políticas. Sobre as razões pessoais guardo-as para a intimidade da família e amigos. Eles merecem que os salvaguarde a eles e à minha saúde. No dia das eleições ficou claro que muitas pessoas não se informam.

A maioria das pessoas não lê programas, folhetos ou ideias. Muita gente acredita no “diz que disse” e não procura informar-se sobre os seus direitos e sobre os factos. Disponibilizámos informação, ideias e convicções. Combatemos sem temor obscurantismo e demagogias populistas. Acordámos esta freguesia que, claramente, tinha-se esquecido do que é o verdadeiro debate político democrático.

A democracia passa pelo pluralismo. Devemos abrir horizontes e não estreitar visões. Da diferença e da exigência nasce a força das melhores soluções. As pessoas que votaram em nós podem ficar descansadas que pugnaremos por esses princípios de defesa do superior interesse da freguesia.

Sem dúvida que quem não aceita perguntas, quem não lhes responde, quem recorre a ameaças sobre a população e os serviços que a servem, quem incorre nesses actos tem uma postura ditatorial e claramente merecedora de crítica.

A população esquece que tem direitos assegurados pelo poder municipal e central. Tem que exigir, é esse o seu direito e dever. Algumas franjas da população perante factos indesmentíveis preferem entender que a oposição não deve falar, não deve questionar e não deve incomodar os interesses instituídos.

Afinal para que serve a oposição se não pode perguntar pela viabilidade financeira de um projecto, pelo património e pela gestão do dinheiro que é de todos nós? Este nosso grito acordou muita gente e veremos que o tempo se encarregará de confirmar de que lado está a razão.

Colaborarei sempre que sinta que sou respeitado e não considerado uma força bloqueadora. Aliás, espero que com esta minha atitude se evitem desculpas e que as autoridades políticas, locais, regionais, judiciais, financeiras e nacionais se concentrem no essencial.

Por isso politicamente, deixo o meu, até breve Meruge. E encerro com um provérbio popular: “Se queres ser bom juiz, ouve o que cada um diz.”

Cumprimentos

José António Figueiredo Costa

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