Há muito quem pense que treinar bem é treinar muito as repetições de lances ditos de “laboratório”. Puro engano que o futebol brilha mais quando foge à régua e esquadro. Viv’ ó improviso ! Treine-se o improviso e o imprevisível !…
Enfim, com maior serenidade, diga-se que, como em quase tudo na vida, o segredo está na dose, no caso na dosagem das componentes do treino e na interacção entre o treino individual e o treino em colectivo. Só que isto do jogo da bola a que, na era da indústria, se chama futebol, isto não é como quem faz uma caldeirada, sequer como quem faz um bolo… Aliás, cada jogo deve ter a sua própria “receita” em que o tempero é, claro, à base de suor…
Devo afirmar que no tempo da táctica do “WM” a do 2 x 3 x 5 – salvé os “5 violinos” do Sporting ! – o jogo da bola deve ter sido muito interessante e até “sexy” pois proporcionava muitos golos – e o golo é o clímax do jogo da bola – com 5 avançados de cada lado virados para as balizas adversárias, embora o posterior – 4 x 2 x 4 – se lhe tenha aproximado antes do “recuo” para o – 4 x 3 x 3.
Esta equipa do Benfica faz o que pode (e o que a deixam fazer).
De facto, a actual equipa de futebol do Benfica faz o que pode dado o valor do conjunto das suas individualidades apreciadas uma a uma. E aquilo que daí resulta, digamos que é o resultado possível. Mas pedirem-nos “paciência” não serve o fervor de um adepto…
O Benfica tem que ser treinado para deixar de depender tanto de dois jogadores de idade “avançada” como são Di Maria e Otamendi e apesar destes serem, ambos, campeões do mundo pela Argentina e terem ganhado quase tudo o que há para ganhar aos pontapés e às cabeçadas à bola. Eles são bons mas não vão aguentar jogar o tempo todo nos jogos todos e em várias competições. Donde…
Para ir mais ao concreto, Tomás Araújo deve passar a jogar na posição de armador-recuado, mas à frente dos dois centrais – é rápido, tecnicista, com grande visão de jogo e jeito para provocar rupturas – caso continuemos a jogar com 4 defesas na linha da defesa a seguir ao guarda-redes. Atenção que o – 3 (centrais) x 4 x 3 (ou 3 x 5 x 2) – exige uma dinâmica brutal para os dois “supostos” defesas laterais, só aconselhável com futebolistas-atletas foras-de-série nessa posição.
A segundo central, ao lado de Otamendi, deve regressar o Antóno Silva que só desvaloriza no banco. No meio campo deve entrar o Meité. O Kokçu deve ir descontrair para o banco… Florentino já mostrou que serve bem para defender resultados mas serve menos bem para os construir, Só tem “um carreto”,,,
O grego Pavlidis, ponta de lança, farta-se de trabalhar mas precisamos é de um avançado que marque golos. O alemão Beste tem nome de grande jogador (George Best) mas precisa de jogar mais e melhor. O guarda-redes Trubin esteve bem neste jogo com o Bolonha mas o guarda-redes deles, esse é fora-de-série…
Lá está, quebre-se as rotinas e experimente-se. Experimente-se antes que o que já não anda bem corra pior…
Autor: João Dinis, Jano
(Treinador de sofá)