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“Quero levar as causas do interior ao Parlamento”: Maria Guiomar Sarmento, candidata de Oliveira do Hospital nas listas da AD por Coimbra

Maria Guiomar Sarmento ocupa o 10º lugar nas listas da Aliança Democrática (AD) pelo círculo eleitoral de Coimbra, por Oliveira do Hospital, nas legislativas de 18 de Maio. Médica e responsável pelo departamento de Saúde Pública no concelho, Maria Guiomar destaca a importância de representar as populações do interior, com especial enfoque nas questões de saúde, transportes e na atractividade do interior para jovens médicos. Na entrevista ao Correio da Beira Serra, sublinha que a sua missão vai além das eleições, comprometendo-se a continuar a defender as necessidades da região, mesmo que não seja eleita. Destaca ainda a importância de a região estar bem representada nas listas da AD, especialmente pela cabeça de lista, a ministra Rita Júdice.

CBS – O que significa no seu entender ser um deputado eleito por um território de baixa densidade como o interior?

Maria Guiomar Sarmento – Ser deputado do interior tem muita responsabilidade. Um deputado precisa ser íntegro e ter conhecimento das carências das populações que representa. O problema é que, muitas vezes, os deputados eleitos se esquecem de onde vêm, deixando as pessoas órfãs de representação. E isso dói. Como médica de saúde pública, tenho uma visão das pessoas, e não do indivíduo, o que me permite perceber as dificuldades que enfrentam, como as questões relacionadas com os transportes. No interior, os problemas com os transportes públicos são graves. Ou se viaja de táxi, ambulância ou carro próprio, o que torna tudo muito dispendioso e incomportável para muitos. Os deputados eleitos por estes territórios não podem esquecer este problema, que pode parecer irrelevante, mas é essencial para a qualidade de vida das pessoas.

Considera importante que o candidato seja da região que vai representar?

Claro. Por muito que se estude o dossiê, nunca se sabe realmente o que é viver aqui. A lista precisa de ter representatividade local, pois é uma forma de conferir identidade. Vivo há décadas neste concelho e estou muito orgulhosa por ter sido escolhida pela concelhia para integrar as listas.

Como pode um deputado eleito pelo interior garantir que as necessidades dos territórios de baixa densidade sejam ouvidas no Parlamento?

Depende do grupo parlamentar em que se insere. Os deputados do interior ficam muitas vezes diluídos quando não há quem entenda que o país não se resume a Lisboa e Porto. Felizmente, as listas da AD têm elementos com a percepção da necessidade de aplicar políticas efectivas de coesão territorial. Temos ainda a vantagem de muitos membros do partido, ao integrarem o Governo, perceberem de onde vêm.

Quais são as principais causas que pretende defender, caso seja eleita?

O respeito pelas pessoas do interior. Quero influenciar os decisores para que as grandes batalhas que enfrentamos aqui no interior sejam compreendidas a nível central. Também quero persuadir positivamente as pessoas que vivem no interior, para que se sintam representadas. A minha tarefa não se esgota no dia das eleições. Mesmo que não seja eleita, as pessoas podem contar comigo para levar os seus problemas aos meus colegas de lista que estarão no parlamento. Por exemplo, com a conclusão do IC6, haverá novos desafios, como os 14 quilómetros da EN17, onde muitos negócios precisarão de apoio. Temos obrigação de lembrar isso a quem decide.

Um dos grandes problemas para este território é a saúde…

Na saúde, o objectivo não é aumentar a capacidade de atractividade dos concelhos, mas convencer os jovens médicos de que ao virem trabalhar para o interior, terão melhores condições de vida. Eles não têm essa noção. Precisamos mostrar-lhes as vantagens que o interior oferece, como horários flexíveis e a possibilidade de viver perto do trabalho, algo que no interior é mais viável. Além disso, temos transportes gratuitos para os alunos, um benefício que existe desde o tempo de Mário Alves, antigo presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital. E, claro, o custo de vida é mais acessível no interior, permitindo que esses profissionais tenham uma qualidade de vida muito melhor. Quando o novo Centro de Saúde de Oliveira do Hospital estiver concluído, será uma excelente oportunidade para mostrar as vantagens de viver aqui e para atrair mais médicos para a região.

Acha que o Alto Distrito está devidamente representado nas listas da AD, especialmente em termos de lugares elegíveis?

Não fiquei chocada com o fato de estar apenas no 10º lugar, até porque sou independente e não tenho força dentro do partido. No entanto, Oliveira do Hospital é a única cidade do Pinhal Interior e merecia ter mais representatividade, com nomes em lugares elegíveis. Nas últimas eleições, Sandra Fidalgo estava em nono lugar. Como podemos dinamizar uma população que tem um representante em lugar de suplente? Mesmo neste lugar, vou trabalhar para levar as dificuldades da nossa região aos locais próprios. A minha função não se esgota nas eleições. Quero ajudar a minha gente, independentemente da sua cor política. E é importante lembrar que, para além de nós, há uma grande proximidade entre esta região e aqueles que estão nos lugares mais facilmente elegíveis.

Quais são as suas expectativas para as próximas eleições legislativas, especialmente no círculo de Coimbra?

Ao contrário das últimas eleições, acredito que desta vez vamos ganhar no círculo eleitoral de Coimbra. Temos plena confiança, especialmente pelo trabalho notável que a nossa cabeça de lista, Rita Júdice, tem desenvolvido enquanto ministra de Justiça. Ela tem feito um trabalho extraordinário em várias áreas. Fez mais por Coimbra em um ano do que o Governo do PS fez em oito. Acredito firmemente que vamos alcançar uma vitória.

O que pediria ao futuro Governo para ajudar o interior?

Gostaria que dessem continuidade às políticas que têm sido desenvolvidas. Desde que a AD assumiu o poder, nenhuma política prejudicou os territórios de baixa densidade. Pelo contrário, temos políticas abrangentes que precisam continuar. O IP3 está a ser transformado em auto-estrada, a linha da Beira Alta já chega até Mangualde, e outras vias estão em perspectiva. Espero que o PRR seja concluído e que o processo de imigração seja agilizado de forma responsável, para que as empresas possam continuar a funcionar. Não precisamos de uma imigração indiscriminada, mas qualificada, para as regiões onde são necessárias.

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