Ah e tal, não tenho tempo para ir ao ginásio!
Esta é uma das maiores razões para a não realização de exercício físico regular pela maioria da nossa sociedade. Rotinas pessoais brutais, com as atividades dos filhos no topo da lista de afazeres, e rotinas profissionais de enorme exigência e dedicação, não permitem a ida ao ginásio, piscina, corrida, volta de bicicleta, etc…
Em sentido contrário apresento-vos os “residentes de ginásio”, pessoas que treinam em demasia e que não respeitam as orientações do próprio exercício que estão a executar. Pessoas com disponibilidade de tempo e que com o passar do tempo se acomodam ao que mais gostam de executar e se tornam resistentes ao processo de renovação e inovação das ações motoras por si desenvolvidas milhares de vezes.
Um exemplo prático é um executante de “squat”, um agachamento simples, não conseguir perceber que pode realizar esta ação motora, ora com peso, solicitando um maior trabalho de força e estabilidade, ora sem peso, solicitando um maior trabalho de mobilidade das articulações envolvidas. O mito criado foi o de que este movimento só pode ser executado até 90° na articulação do joelho, executando uma retroversão da anca e sem que o executante deixe de ver a ponta do pé à frente do seu joelho! Este tipo de situação vai acontecendo porque os “residentes de ginásio”, agarrados aos primórdios das suas orientações, vivem em demasia as correções dos técnicos aos principiantes, algo normal e que permite segurança no trabalho técnico, mas que vai criando o monstro chamado mito e não permite inovar em muitos casos.
Também na demanda física este tipo de cliente não percebe o fundamento do exercício, pois se hoje pode criar um estímulo cardiovascular, numa aula de indoor cyling, complementando com umas séries de força média e superior, amanhã poderá realizar um estímulo de força e mobilidade numa aula de pump, complementando com 10 minutos de corrida na passadeira, e no dia seguinte não vem ao ginásio para poder deixar descansar o corpo.
Não!!!! Este tipo de cliente faz tudo. Faz as aulas todas do período da tarde ou da manhã. Se vier mais cedo para fazer as aulas todas ainda vai uns minutos à passadeira enquanto as aulas não começam; “Estou a aquecer”, diz!
A quem se revê neste contexto, ou conhece alguém que se enquadre, é essencial que percebam que o corpo humano vive de regeneração, e se a demanda cardiovascular tiver sido muito forte ontem, convém que hoje seja moderada/fraca para a devida regeneração. É importante perceberem que o trabalho em intensidade e de menor duração permite uma mais rápida regeneração, e é fundamental pensarem no efeito das 3 horas de exercício contínuo num contexto diário, juntamente com os afazeres pessoais e profissionais.
Como diz o velho ditado português, mais vale pouco e bom do que muito e ruim.