Novo presidente da Turismo Centro de Portugal quer renovar o mapa turístico da região, aprofundar a cooperação com Espanha e rever o regime jurídico das áreas regionais de turismo.
O presidente da comissão executiva da Entidade Regional Turismo Centro de Portugal, Rui Ventura, defendeu esta terça-feira a criação de um hotel escola com o objectivo de preservar a autenticidade das tradições da região e qualificar os recursos humanos do sector. A proposta foi lançada durante a cerimónia de tomada de posse, que decorreu no Parque de Exposições de Aveiro.
“Para que as tradições se mantenham e a autenticidade perdure, temos de as perpetuar”, afirmou Rui Ventura, justificando que um hotel escola permitiria “dar uma resposta especializada para as diversas áreas do turismo” e “não perder os sabores” que caracterizam o território.
O antigo presidente da Câmara Municipal de Pinhel comprometeu-se a “tudo fazer” para manter a identidade do Centro, e anunciou a intenção de criar plataformas intermédias de articulação com as comunidades intermunicipais. Estas estruturas deverão funcionar de forma regular e ter como missão reforçar a ligação entre os actores locais e o turismo.
Na intervenção, Rui Ventura sublinhou ainda a necessidade de “criar âncoras sedutoras” capazes de prolongar a permanência dos visitantes. “Temos de nos complementar”, referiu, apontando a valorização dos recursos endógenos como um eixo estratégico para o desenvolvimento turístico.
Entre as prioridades definidas, está também o reforço do turismo assente na sustentabilidade ambiental. O responsável máximo da Turismo Centro de Portugal garantiu que a entidade irá continuar a trabalhar “sem descanso” para acompanhar os desafios da descarbonização e das novas exigências climáticas. “Não podemos, por hábitos arreigados ou comodismo egoísta, confiscar o futuro dos nossos filhos e netos”, frisou.
Ao abordar os constrangimentos actuais, Rui Ventura considerou fundamental repensar os paradigmas de mobilidade dentro do território e defendeu que o Centro de Portugal tem condições únicas “para ser alavanca de desenvolvimento para todo o país”.
Outra das propostas apresentadas passa pela revisão da estratégia de comunicação da marca “Centro de Portugal”. Para Rui Ventura, a renovação do mapa turístico, tanto para o mercado nacional como internacional, é “fundamental para uma mais adequada promoção da região”.
Na presença do secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado, o presidente da Turismo Centro de Portugal apontou também a necessidade de rever a Lei n.º 33/2023, que define o regime jurídico das áreas regionais de turismo e das respectivas entidades. “É uma lei que se encontra ultrapassada”, considerou, defendendo maior autonomia administrativa e financeira para as regiões.
Pedro Machado admitiu, por sua vez, que a legislação “não ficou perfeita”. O governante reconheceu falhas na inclusão das instituições de ensino superior nas assembleias gerais e na fórmula de cálculo da dotação orçamental. “A própria revisão da Lei nº 33 pode ficar aquém da expectativa criada”, afirmou, acrescentando que quem vier a liderar a próxima Secretaria de Estado do Turismo “pode ir ainda mais longe”.
Entre os compromissos assumidos por Rui Ventura estão ainda a aposta na digitalização, a criação de novos modelos de comercialização e monitorização e o aprofundamento das relações com as regiões espanholas de Castela e Leão, Extremadura e a Comunidade de Madrid.