A Câmara Municipal de Seia inaugurou esta terça-feira o Centro de Interpretação da República Afonso Costa (CIRAC), um espaço dedicado à vida e legado do político republicano. A cerimónia contou com a presença do presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, e de familiares do homenageado.
“Posso dizer-lhe que estou de queixo caído. Foi assim que fiquei quando me disseram que iam fazer esta homenagem, através da inauguração deste centro. Faço amanhã 93 anos e foi a primeira vez que ouvi elogios ao meu avô. Estou muito feliz”, afirmou à agência Lusa Teresa Afonso Costa Azevedo Gomes, neta mais velha viva de Afonso Costa.
O CIRAC foi instalado numa antiga escola primária mandada construir por Afonso Costa, que já tinha o seu nome, e que foi agora requalificada pela autarquia num investimento superior a 700 mil euros, co-financiado pelo programa Centro 2020.
O presidente da Câmara Municipal de Seia, Luciano Ribeiro, explicou que a escolha da data para a inauguração se deve ao facto de, a 25 de Março de 1918, Afonso Costa ter sido preso no Forte da Graça, um episódio que menciona na sua autobiografia. Na ocasião, a autarquia lançou também um caderno baseado nos manuscritos do político.
O novo centro, localizado no centro de Seia, apresenta momentos marcantes da história de Portugal através do percurso político de Afonso Costa, bem como apontamentos sobre a sua vida familiar. Durante a visita ao espaço, Filomena Correia de Carvalho guiou o presidente da Assembleia da República e outras entidades presentes, contextualizando o acervo exposto.
Na cerimónia, Gonçalo Salazar Leite, bisneto de Afonso Costa, lançou um desafio à família para doar todo o espólio existente ao CIRAC, de forma a preservar a memória e a história do antigo chefe de governo da Primeira República.
O espaço já recebeu algumas doações de familiares e de coleccionadores, incluindo peças do senense Rui Veloso e de João George. A primeira exposição temporária do centro inclui uma selecção de cartazes da Primeira República.
Luciano Ribeiro descreveu Afonso Costa como “o maior senense de todos os tempos, que muito orgulha o concelho”, e expressou o desejo de que o centro possa servir alunos, professores, investigadores e turistas. O autarca sublinhou ainda que Afonso Costa (1871-1937) foi “um dos pais da implantação da República em Portugal”, considerando justa esta homenagem.
Durante o dia, foi também colocada uma coroa de flores na estátua de Afonso Costa, inaugurada a 8 de Novembro de 1981 pelo então Presidente da República Ramalho Eanes. A autarquia deslocou agora a estátua para o centro da rotunda próxima do CIRAC.