Foi desta forma que, esta manhã, o secretário de Estado adjunto das Obras Públicas e das Comunicações iniciou a intervenção de apresentação das novas acessibilidades à Serra da Estrela, por ocasião da comemoração do feriado municipal que hoje se assinala.
Numa sessão orientada pelo desígnio “Aproximar Seia” – também participada pelo autarca de Tábua, Ivo Portela e pelo presidente do Núcleo de Desenvolvimento Empresarial do Interior e Beiras, Fernando Tavares Pereira – Paulo Campos apresentou a decisão final do Governo no que respeita aos futuros traçados do IC6, 7 e 37, que já estão a ser alvo do estudo prévio necessário para a respectiva concessão, prevendo-se o lançamento do concurso público internacional para 2009.
Para além da apresentação dos eixos estruturantes, foi hoje também adjudicada a obra de construção da variante circular a Seia, EN 231, com a empresa Gabriel Couto, num investimento de três milhões de Euros. Com um prazo de execução de um ano, a variante deverá ser inaugurada no dia do município em 2009.
O anúncio de beneficiação da estrada que liga Seia à Torre e ao Sanatório publicado hoje no jornal Público mereceu igualmente lugar de destaque na sessão desta manhã. À semelhança do que aconteceu com a variante, também aquela beneficiação foi apresentada ao pormenor pela representante das Estradas de Portugal. A obra irá incidir numa extensão de 41 quilómetros, num investimento de mais de seis milhões de euros, com destaque para a criação de zonas de estacionamento junto à Lagoa Comprida, bem como melhorias na pavimentação, aquedutos, drenagens e sinalização vertical e horizontal.
Sem deixar de recordar a inexistência de estudos por ocasião da sua chegada ao Governo, Paulo Campos deu conta de todo um trabalho que teve que desencadear para agora estar em condições de avançar com o pacote de concessões. Mas, no caso concreto dos acessos em torno de Seia e da Serra da Estrela, o governante elogiou o papel de duas pessoas que considera terem sido “incansáveis no apoio, no desafio e no desassossego que causaram”. “A senhora governadora tem sido incansável e o presidente da Câmara de Seia tem um espírito inconformado”, referiu, confessando que “o telefone tocava todas as semanas”.
Sobre as novas acessibilidades à Serra da Estrela, Campos foi peremptório ao reiterar que o cenário está escolhido e “não há nenhuma hesitação sobre aquilo que se vai fazer”. Decidido em não querer “um país a duas velocidades”, o secretário de Estado da pasta chefiada por Mário Lino, desvalorizou as recentes críticas de Manuela Ferreira Leite sobre a forma como o Governo pensa pagar as obras que tem vindo a anunciar. “Quem vai pagar os custos das novas estradas são as concessões que geram receitas. É com este equilíbrio que se consegue fazer avançar o país sem desequilibrar as contas públicas e onerar o orçamento”, sustentou, garantindo que “o governo não quer ficar por aqui”. “O fundamental é dizer que este governo tem um caminho claro e não vai gastar energias noutras matérias”, acrescentou, ao mesmo tempo que considerou ser o momento de se “recuperar o tempo perdido” e de o governo “ser solidário com as regiões do interior”.
“Se nós tivéssemos a barriga cheia de estradas como tem Viseu…”
Manifestamente satisfeito com os recentes anúncios, o presidente da Câmara Municipal de Seia falou de uma concretização que o município já esperava há 30 anos e que – como referiu – só se resolveu “mercê da boa vontade” de Paulo Campos. Eduardo Brito não poupou os elogios ao governante e ao executivo de José Sócrates por entender que “a essência da actividade política é decidir”. Garantiu àqueles que “ainda têm dúvidas”, que está em causa um “passo decisivo” e reconheceu que, de facto, não estava habituado a “esta rapidez”. O autarca senense falou de “eficácia” por parte do governo e também ele desvalorizou as críticas da líder do principal partido da oposição.“ Não estamos de tanga. O discurso de que não há dinheiro para nada, só complica os mesmos do interior”, sustentou o eleito socialista, lembrando que “governar um país não é a mesma coisa que governar uma família”.
Satisfeito por ver escolhido pelo governo o cenário de acessibilidades que o município que dirige sempre defendeu, Brito disse “não haver tempo para grandes discussões”, porque já houve tempo para se discutir. “Está decidido…Temos que nos concentrar na execução da obra”, acrescentou, confessando-se “surpreendido” pelas posições assumidas pelos congéneres de Viseu e Covilhã que continuam defender a solução que implica a construção de túneis para a travessia da Serra da Estrela. “Se nós tivéssemos a barriga cheia de estradas como tem Viseu, eu também me podia por a filosofar sobre os túneis e outras coisas”.
Ao mesmo tempo que apelou ao “bom senso” daqueles autarcas, Eduardo Brito admitiu não ter mais razões de queixa contra o Governo, porque a decisão de concretização dos IC “muda o curso da história” do município e “cria novas condições de competitividade”.
Veja Vídeo com declarações de Paulo Campos aos jornalistas sobre os motivos que levaram o Governo a não enveredar pelo cenário de construção de túneis para o atravessamento da Serra da Estrela…