Voltou em força o flagelo dos incêndios florestais / rurais e com ele voltaram o desastre e a tragédia. Com os prejuízos desastrosos, com o pânico instalado entre as Populações envolvidas e com as mortes e outras graves sequelas.
Azu, Associação Ambientalista, expressa os sentidos pêsames às Famílias enlutadas e expressa solidariedade activa para com todas e todos os afectados pelos recentes incêndios florestais / rurais.
É também necessário que o Governo passe das palavras aos actos e defina e aplique o quadro dos apoios públicos necessários e que a situação e as suas consequências recomendam.
“Mais vale prevenir que remediar”.
Desta vez, as áreas ardidas aproximam-se de 150 mil hectares, entre Floresta e matos, o que é mais do que muito considerando até que se mantém por reflorestar a grande, grande parte da muita extensa área ardida (mais de 500 mil hectares entre Floresta e matos) por exemplo, no fatídico ano de 2017, para já não recuarmos a 2003.
É portanto indispensável agir – prevenindo – a nível das causas mais profundas que estão na base da violência e extensão dos incêndios florestais / rurais, sendo que o aumento do nível judicial da repressão sobre os incendiários confirmados, por si só, esse aumento da repressão, não virá resolver, nem pouco mais ou menos, o problema principal.
Permanece como verdadeiramente estratégico, do ponto de vista ambiental, económico e social, a correcta reflorestação, com um mais adequado Ordenamento Florestal através da alteração drástica do sistema reinante à base da Floresta Industrial em regime mono-cultural e intensivo, e a sua recomendável substituição pela Floresta Multifuncional à base das espécies autóctones tradicionais e melhor adaptadas ao clima e aos solos. Eis uma tarefa pública em que o Estado deve intervir de forma sistemática.
Vivemos num quadro de desertificação humana dos nossos territórios.
Ao mesmo tempo, agrava-se o contexto de grande défice demográfico no vasto interior e que também é necessário encarar.
E como “a água também se planta”, essa Reflorestação, que aliás muito tarda, é um processo a desenvolver sem mais hesitações, com uma reflorestação programada e estimulada pelos Órgãos de Soberania, do Governo às Autarquias Locais e Regionais. Processo igualmente indispensável para a renovação sustentada desses elementos vitais que são a água e os nossos recursos hídricos. Os próprios “corredores ripícolas” devem ser repostos e melhor preservados através da limpeza das margens dos Rios e da despoluição das Águas
Sim, é muito conveniente que o Estado e a União Europeia, através dos seus Órgãos de Soberania, sempre em estreita ligação com as Populações, definam e executem um quadro financeiro e operativo com um conjunto de acções públicas, práticas e de facto eficazes a chegar ao terreno e a alterar a situação por forma a criar outras e melhores perspectivas. Para isso, também é necessário haver menos propaganda oficial e mais medidas práticas, convincentes e adequadas.
Estamos em crer que mesmo no actual quadro das possibilidades institucionais de intervenção no terreno, é oportuna a reclamação recentemente avançada por um Autarca da Região de Coimbra cujo Município foi severamente afectado pelos incêndios e suas trágicas consequências, e em que ele lembra as hipóteses inerentes à criação e instalação de “AIGP – Área Integradas de Gestão da Paisagem” especificamente vocacionadas para a recuperação das áreas percorridas pelos Incêndios. Ao mesmo tempo, reclama-se a rápida e correcta regulamentação legislativa, por parte do Governo, do “Fundo de Emergência do PEPAC- Plano Estratégico da PAC 2023-27” para também por aí apoiar de forma expedita os Agricultores e os Produtores Pecuários afectados por Incêndios.
E, acrescentamos nós, tendo também em vista a recuperação e manutenção dos solos afectados por forma a que as próximas chuvadas não agravem a erosão acelerada das vertentes que descem para os nossos Rios e Ribeiras, com o agravamento dos já elevados níveis de poluição das águas correntes e mesmo das águas subterrâneas.