Home - Região - Local - «Solidariedade» – dizem eles – O que faria se não fosse!… Habitações ardidas ainda não estão a ser recuperadas! Um escândalo!!! Autor: João Dinis

«Solidariedade» – dizem eles – O que faria se não fosse!… Habitações ardidas ainda não estão a ser recuperadas! Um escândalo!!! Autor: João Dinis

Andando nós por estas nossas Aldeias e Vilas varridas a fogo pelos incêndios de 15 e 16 de Outubro do ano passado, continuamos a ver casas-habitações (várias delas estilo solarengo) enegrecidas, desorbitadas de janelas, com buracos totais ou parciais em vez de telhados, com paredes esqueléticas, partidas e «sujas» a negro…

São restos cheios de nada. São autênticos «fantasmas» urbanos que nos assombram ao virar das esquinas e que nos remetem, sempre, para aquele dia e para aquela noite que não deveriam ter existido…mas que existiram mesmo e ainda que queiramos esquecer. Pelo anoitecer ou pelo amanhecer, sobretudo quando a bruma escurecida «pinta» de mais indefinições os contornos desses «fantasmas» – quando os torna ainda mais «fantasmas» – podemos até ouvir o seu ressoar lúgubre, quais almas penadas, quando o vento lhes vara as entranhas, de lado a lado…

Com algum esforço perante a funesta «cena», todavia ainda podemos imaginar que naquelas casas-habitações até houve Seres Humanos, houve Gente Beirã – da melhor – que lá viveu, amou e foi feliz pelo menos quando pôde sê-lo. E que quer continuar a viver lá-cá nesta nossa Terra-Chã deste nosso Planalto Beirão.

E por várias «quintas”, em outros locais mais isolados, nós aí só vemos estes «fantasmas» se lá nos deslocarmos que por aí há muitas mais habitações queimadas, esventradas, afinal esquecidas…  E, não raro, à volta delas movem-se silhuetas humanas com olhos tristes onde transparece já algum desânimo também. Muitos, muitos são imigrantes – estrangeiros hoje cá residentes – que vieram um dia para a nossa Região, a ela se afeiçoaram e da qual gostavam pelo menos tanto como nós os que por cá nascemos e crescemos. Eles ainda hesitam em permanecer por cá. Eles afinal até gostavam de cá viver e muitos trabalhavam na pequena agricultura e mantinham uma floresta sadia. É Gente boa e sente-se abandonada como abandonada se sentiu naquelas horas mais do que más durante os incêndios. Afinal como nós, os sobreviventes, nos sentimos!

Senhoras e Senhores Responsáveis pelo Governo e pela CCDRCentro;

Senhoras e Senhores Autarcas em especial Senhores Presidentes de Câmara:

Pois, como se diz, «perguntar não ofende»…

Então, que se passa com a CCDRCentro e o Governo que ainda não começaram a recuperar a maior parte (pelo menos) das PRIMEIRAS Habitações ardidas a 15 e 16 de Outubro? É que mais de cinco meses depois da tragédia desses incêndios, depois de inúmeras declarações de «solidariedade» para com as vítimas dos incêndios, depois de «milhentas» promessas de apoios (públicos), o facto é que as obras de recuperação da larga maioria das Primeiras Habitações ardidas ainda não começou ! E já passou o Inverno que foi frio e agora chove… Sim e sim ! É um escândalo, tamanha omissão !

Então, Senhores Autarcas e Senhores Presidentes de Câmara – e Senhoras e Senhores Presidentes de Assembleia Municipal – então que se passa quanto à recuperação das chamadas Segundas habitações (ou habitações não permanentes) ? Acontece que os Senhores, principais autarcas dos Municípios mais afectados, até já deixaram de falar nisso… Será que não conhecem a Lei nº 114/2017 de 29 de Dezembro – a Lei de Orçamento de Estado para 2018 – a qual, no nº 2 do seu Artigo nº 154, remete para as Câmaras Municipais a responsabilidade directa pela recuperação «das habitações não permanentes» pelo que até enuncia uma Linha de Crédito (bonificado e a longo prazo) para as Autarquias recorrerem com essa finalidade específica ?…

Notem ainda, esses «esquecidos», que muitas dessas «habitações não permanentes» acabam por ser primeira habitação própria, se tivermos em conta que muitos daqueles que, por necessidades várias, tiveram que sair das suas Aldeias e cá deixaram habitações próprias (normalmente até herdadas), muitos desses nossos Conterrâneos – migrantes e emigrantes – vivem em casas alugadas lá onde agora estão a viver, em Portugal e noutros países.  Ou seja, se não conseguirem recuperar essas suas habitações próprias, nas suas Aldeias e Vilas Rurais, muitos e muitos Conterrâneos (nacionais e estrangeiros) deixarão de vir para cá, de ficar por cá, e dessa forma também aumenta a desertificação humana de que esta nossa Região já tanto padece ! E, repete-se, nesta situação difícil também está uma grande parte dos imigrantes.   SIM e sim ! É outro escândalo !

Eu acuso a demagogia popularucha e a tecnoburocracia mais acéfala ainda que «tecnológica» !  Eu acuso a gritante incompetência social que nos desgoverna !

Digam lá «eles» o que quiserem…chamem-me ou não de «nomes»…ponham-me ou não em Tribunal… eu acuso de incompetência social e descaramento público tanto «palrador» institucional afinal prenhe de «solidariedades» incumpridas !

Ai, de nós, ai de nós, se não fossem as solidariedades concretas e mais diversificadas, provenientes de tanto anónimo e de todos os lados !  Estávamos bem «lixados» com as «solidariedades» desta maltosa governamental ou para aí virada que fala, fala, fala e, afinal, bem vistas todas as coisas, afinal, quase meio ano depois dos incêndios ainda nem sequer começaram a recuperar as habitações primeiras daqueles seus e nossos Conterrâneos que perderam de tudo nos incêndios pelos quais – grite-se bem alto – nós, os sobreviventes, nós não somos os culpados !

E que, presidentes de vários tipos, e ministros e outros do tipo, enquanto falam e falam e falam, durante ruidosas «solidariedades» feitas de encomenda para darem nas vistas, «eles» querem fazer-nos esquecer que também há centenas de habitações «não permanentes» que arderam e que devem ser recuperadas através da iniciativa das Câmaras Municipais.

Pois que os «fantasmas» petrificados que vemos nas Aldeias e os «fantasmas» das árvores carbonizadas campos fora, como se fossem dedos negros e esqueléticos acusadores, que todos esses «fantasmas» os assombrem a «eles» e nos deixem de assombrar a nós e às nossas consciências de Cidadãos informados e de facto solidários !

Ao fim e ao cabo, nós somos Cidadãos sinceros, com princípios transparentes, muito provavelmente ao contrário daqueles outros que «falam grosso» mas que já não devem ter consciência…e cuja «solidariedade» é, afinal, de geometria muito variável mas pouco consistente…

Haja paciência que sacrifícios não nos faltam !

 

Autor: João Dinis, Jano

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