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Troca-tintas. Autor: Fernando Roldão

Desde que me conheço, sempre ouvi estas duas palavras, ligadas por um hífen e que significam muito mais, para além do que literalmente querem dizer.

À primeira leitura, quererá dizer que um sujeito, provavelmente pintor, troca as tintas por qualquer motivo ou então por problemas de visão, tais como daltonismo, que não é mais do que uma perturbação da percepção visual, caracterizada pela incapacidade de diferenciar todas ou algumas cores, sobretudo o vermelho e o verde.

Esta perturbação pode ser genética, lesão nos olhos ou neurológica, afectando a normal aprendizagem das actividades, como por exemplo escolher roupas, comprar frutas ou circular em locais com semáforos.

Esta disfunção, que atinge cerca de 5 % da população mundial, torna-se mais grave na classe política, pois sempre que há eleições, quase todos têm uma tendência para distorcerem as cores, desta feita vendo tudo cor-de-rosa, com as consequências que todos conhecemos.

No caso concreto de Portugal, há 27 mil mulheres daltónicas, para cerca de 500 mil homens, que pelos resultados das últimas eleições, devem estar todos no PS.

Afinal o que é um troca-tintas? Pode ser tudo o que quiserem, desde aquele que faz trapaças, que é trapalhão ou que engana propositadamente e sendo um troca-tintas bem mais refinado, passa a ser intrujão, trapaceiro ou faz parte de uma pandilha.

Temos um número bem significativo desta espécie neste cantinho à beira do Atlântico, ultrapassando em valores absolutos os daltónicos naturais.

Sou português, minimamente informado, medianamente culto e suficientemente preocupado com o meu país, para não saber quem são os troca-tintas que por aqui proliferam.

Se os meus compatriotas fossem um pouco mais preocupados em analisar as origens desta “cultura” colorida, talvez ela já tivesse sido erradicada.

Ao ouvir um candidato a primeiro-ministro, não consigo evitar de o apelidar de troca-tintas, porque afinal ele é isso mesmo.

Um dia diz que descende de uma família pobre e do povo, logo a seguir descende de uma família burguesa e abastada.

Na minha humilde ignorância, não resisto a chamar-lhe mentiroso, pois troca-tintas é elogio, a não ser que o homem tenha um irmão gémeo e não sabe.

Oiço com muita frequência vídeos do Parlamento, de comissões de inquérito, não podendo ficar indiferente a tanta tinta trocada e de textura estragada.

Fico ofendido, na minha qualidade de cidadão, por tanta pouca vergonha que por ali se desenrola, sentindo que estão a brincar com a minha cara, com os rendimentos dos arrastados portugueses, que sobrevivem com esmolas e restos dos manjares das paletas que os magníficos troca-tintas nos querem dar, borrando todas as pinturas aonde tocam.

Será possível, que alguém no seu perfeito juízo aceite as desculpas esfarrapadas que estes senhores dão nas comissões, disto e daquilo?

Não sabe, não se lembra! Afinal onde andou durante o tempo que foi detentor de um cargo público? Se não tem capacidade para tal, deveria recusar o mesmo, a não ser que o pretenda como mera promoção social, mas nesse caso, uma réstia de honestidade, deveria sobrar-lhe para se demitir, depois de verificar que não tem aptidões para o mesmo?

Os portugueses barafustam nas redes sociais, às portas dos estádios e nas ruas, quando o treinador do seu clube não lhe apresenta bons resultados. Porque não o fazem com os seus governantes quando estes não são dignos de ocupar tais responsabilidades?

Povo estranho, adorador de troca-tintas esbatidas, sem pigmento, mal combinadas e altamente deterioradas.

Vós, que sois chefes de família, empresários ou educadores, acham normal que coisas estranhas, alheias ao seu habitat se passem, diante do vosso nariz, na vossa casa e vocês, simplesmente digam, não sei, não me lembro?

Muito mal vai a vossa casa ou empresa se assim for.

Façam um exercício mental e pensem, porque razão o país está neste caos económico e social?

Há 50 anos que somos governados por troca-tintas, com 3 bancas rotas, muitos compadrios, casos quase diários, corrupção institucionalizada, desperdício, irresponsabilidade, arrogância e desrespeito pela Constituição da Republica Portuguesa que juraram defender.

Se ainda não chegam os exemplos, olhemos para o desplante de um ex-ministro afirmar que tinha um assessor para gerir as cunhas.

Até daria para rir, se não fosse tão dramático o tempo em que vivemos, por exclusiva culpa nossa, esperando que haja uma reviravolta, sem nada fazer, para que a honestidade seja restabelecida e a dignidade volte a ser um direito.

Não há dinheiro para proporcionar um fim de vida digno a quem trabalhou e lutou por este país, mas há 4 milhões de euros para pagar tratamentos a estrangeiros.

Acabe com os troca-tintas e escolha a cor certa, para voltar a ter alegria na sua vida.

 

 

 

Autor: Fernando Roldão

Texto escrito pelo antigo acordo ortográfico

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