O “Interior” fica mais abandonado a cada dia que passa. Numa altura em que se debate o novo Orçamento de Estado não se antevê nada de bom para os territórios de baixa densidade. Como o dos anteriores governos, também este orçamento se esqueceu desta região. A omissão em relação a estes territórios não é novidade. Como já tinha acontecido nos incêndios de 2017, com os ICs, a saúde, a justiça, a educação, entre outros. A responsabilidade maior vai para o Partido Socialista, que governou o país 75 por cento do tempo dos últimos 30 anos. Vamos ter um novo orçamento, no qual o interior, mais uma vez, fica esquecido.
O PS não teria, agora, a possibilidade emendar as suas desastrosas decisões, apresentando propostas de acordo com as promessas que não cumpriu para com os territórios de baixa densidade? Pedro Nuno Santos não poderia bater se para que fosse incluído no documento que orienta os investimentos a realizar no país as melhorias necessárias e prometidas pelos anteriores governos socialistas? Quero crer que tinha aqui uma grande oportunidade para incluir todas as promessas feitas e não cumpridas, já que os valores certamente não iriam comprometer as contas previstas pelo Governo. Nesta equação entra também o Chega que não deveria colocar apenas o problema da imigração controlada, mas também as propostas atrás referidas para interior, demonstrando responsabilidade e apoio a uma terra abando nada há muitos anos.
Não podemos esquecer que o PS quase nada fez ao longo daqueles anos de poder. A desertificação e o abandono do “Interior” está à vista de todos. Este momento da vida do país podia ser uma oportunidade para criar condições motivacionais para as empresas, a juventude, entre outros. Enfim, criar um instrumento para que a nossa região comece a ter um futuro e capacidade de dar uma vida diferente a quem nele vive e investe, conseguindo um desenvolvimento harmonioso entre o interior e o litoral do país.
As exigências dos partidos que representam a população na Assembleia da República esquecem rapidamente quem os elegeu ou aquilo que eles próprios votam. Recordemos, por exemplo, 2018. Nesse ano foi aprovado, por unanimidade de todos os partidos, assim como por todos os deputados a reabertura das candidaturas dos lesados dos incêndios de 2017. Apesar da votação esmagadora, o governo de António Costa não alocou as verbas necessárias para o desenvolvimento daquela decisão, mesmo tendo sido aprovada pelo Partido Socialista. Por isso, ainda hoje, existem processos nos tribunais, assim como milhares de lesados que não tiveram qualquer apoio para os prejuízos causados por aqueles fogos.
Infelizmente, apesar da nova constituição da Assembleia da República e do novo Governo, o Orçamento de Estado continua a ignorar o interior, quando deveria ser, como já referido, uma base essencial para o desenvolvimento do país a uma só velocidade. A promoção e evolução do Interior, lamentavelmente, continuam a não ser reconhecidos. Nem nos investimentos. Nem em termos de carga fiscal.
O maior partido da oposição, o PS, podia utilizar a sua força negocial para incluir nos acordos com o Governo algumas das promessas que o partido fez há muitos anos e que nunca foram cumpridas. Estou, repito, a falar de iniciativas de apoio às empresas e famílias, bem como a rede viária, onde se inclui o IC6, IC7, IC37, IP3, etc.
Não podemos continuar a caminhar num sentido que nos faz lembrar os países totalitários que proliferam na América Latina.
Autor: Fernando Tavares Pereira