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Vila Franca da Beira comemora 25 anos de Junta com sabor "a despedida"

Vila Franca da Beira comemora 25 anos de Junta com sabor “a despedida”

Vila Franca da Beira comemora, esta semana, os 25 anos de elevação a freguesia. Festejos com sabor agridoce numa altura em que povo reprova a uma só voz a extinção anunciada da Junta de Freguesia.

É de descontentamento generalizado o sentimento que por esta altura se vive em Vila Franca da Beira. A localidade que há 25 anos foi desanexada da freguesia de Ervedal da Beira e ganhou autonomia por via de elevação a freguesia integra o grupo de cinco freguesias a extinguir no concelho de Oliveira do Hospital, no âmbito da Reforma Administrativa do Território levada a cabo pelo atual governo.

Uma medida que, a ter aplicação prática, vai determinar uma espécie de “regresso ao passado”, já que Vila Franca da Beira vai agregar à vizinha de Ervedal da Beira, passando ambas a utilizar a designação de União das Freguesia de Ervedal da Beira e Vila Franca da Beira.

A menos de meio ano das eleições autárquicas, aqueles que estiveram na linha da frente das manifestações contra a aprovação da lei de agregação das freguesias recusam-se a aceitar o trágico desfecho, havendo ainda quem acredite que não venha a acontecer. “Ainda temos esperança”, afirmou esta manhã Maria Alice Fernandes, revelando-se inconformada com o conjunto de serviços que têm vindo a ser retirados aos vilafranquenses. “Já nos levaram o posto médico, agora é a Junta e também nos querem levar a escola”, contou a moradora, confessando-se muito desanimada com a falta de atenção que têm tido para com Vila Franca da Beira. “Tiram tudo ao povo”, insiste, referindo que a comemoração dos 25 anos da freguesia chega a ter “um sabor amargo”, já que surge quase em forma de “despedida”.

“Já íamos a pé ao médico, também vamos ter que ir a pé à Junta”

Num cenário de agregação, o que por esta altura mais preocupa o povo vilafranquense é a dificuldade que os moradores, na maioria idosos, vão ter para se deslocar a Ervedal da Beira para tratar os assuntos que, com facilidade, tratavam na Junta de Freguesia da sua localidade.

Vila Franca da Beira comemora 25 anos de Junta com sabor "a despedida"“Já vamos a pé ao médico e também vamos ter que ir a pé à Junta”, comentava esta manhã Fernando Borges, para quem a extinção da freguesia não traz nada de bom ao povo. “Vila Franca pode ser esquecida e prejudicada”, avisou aquele habitante que em face do crescente envelhecimento da população, está certo de que “qualquer dia Vila Franca da Beira fica deserta”. Fernando Borges vai ainda mais longe ao repudiar a agregação de Vila Franca a Ervedal da Beira. “Eu e se calhar também a maioria preferíamos ir para o Seixo da Beira”, referiu o morador que se revelou crítico à postura de “superioridade” assumida pelas gentes de Ervedal da Beira.

As melhorias de que Vila Franca da Beira beneficiou aos longo dos últimos 25 anos servem de argumento para os vilafranquenses fazerem oposição cerrada à agregação da freguesia. Conquistas que, reconhece o povo, também muito se devem ao bom desempenho dos autarcas. Ainda presidente de Junta de Vila Franca da Beira, João Dinis é hoje um homem querido entre os vilafranquenses. “Temos um bom presidente”, refere Fernando Borges. “Tem feito muito por Vila Franca”, reconhece também Elisabete Batista que, para além de toda a obra física desenvolvida na freguesia, valoriza a dinâmica que João Dinis e a sua equipa deram à localidade com a organização de todo o tipo de eventos. A comemoração de cada aniversário da freguesia é disso exemplo. Motivos mais do que suficientes para que muitos populares defendam a candidatura do ainda autarca, eleito pela CDU, à União das Freguesias para que possa “puxar para o lado dos vilafranquenses”. “Gostava muito de o lá ver”, insiste aquela moradora, certa de que João Dinis estará sempre ao lado do povo de Vila Franca.

“As pedras da calçada e as obras que estão feitas ninguém as tira”

Vila Franca da Beira comemora 25 anos de Junta com sabor "a despedida"Primeiro autarca, eleito pelo PSD, naquela que já é entendida como a curta história da freguesia de Vila Franca, Artur de Campos Júnior também não esconde o desânimo em face da anunciada agregação. Convencido de que nos quase três mandatos que exerceu à frente da Junta fez “tudo” o que estava aos seu alcance, o ex autarca não deixa de encarar a extinção como “uma grande perda” que encara com “muito desagrado e tristeza”. Ainda assim, Artur de Campos Júnior não dramatiza, já que de futuro acredita na melhor relação possível entre Vila Franca da Beira e Ervedal da Beira. “Tenho amigos nos dois lados e vou ao Ervedal com toda a naturalidade porque, de certeza, que ninguém me escorraça”.

Num cenário de agregação, o ex autarca não questiona o regresso a Ervedal da Beira, por estar em causa uma “união que é natural” . Do mesmo modo, Artur de Campos Júnior também se recusa a encarar a agregação com um regresso ao passado, porque “as pedras da calçada e as obras que estão feitas – “o atual presidente apesar de ser de outra cor política também fez boa obra”, frisou – ninguém as tira”. Quanto ao perigo de a perda de serviços na freguesia ditar o êxodo populacional, Artur de Campos Júnior puxou da ironia para referir que em “Vila Franca já não há ninguém para sair. Sair só se for para o cemitério”.

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