Acabámos de sair de uma época festival onde a palavra “voto” esteve no cimo das mais utilizadas e também das mais vazias.
Votos de bom natal! Votos de bom ano! Votos de boas entradas! Votos de boas saídas e entradas! Ou, caso haja coincidência, votos de feliz aniversário.
Claro que poderíamos incluir nestes pacotes, a Páscoa, o Carnaval, as férias e porque não, votos de bom euro milhões.
Há votos para todos os gostos ou momentos, assim sendo, os sentimentos, as emoções perdem-se na divulgação da palavra, tornando-a banal e sem sentido.
Vamos correndo ao sabor da moda mecanizada, sincronizada, automatizada e desprovida de sentido, na maioria das vezes.
A nossa pressa em viver, mal, leva-nos a cometer erros de carácter social e sentimental.
Os telemóveis, os computadores, as redes social, erradicaram o face a face, os olhos nos olhos e um abraço de amizade ou respeito para com os nossos semelhantes, amigos ou familiares.
Tudo se tornou mecânico ao utilizarmos, a seguir â palavra “voto”, outra; “enter”.
Hoje em dia com as “plataformas”, não as dos comboios, porque essas ainda faziam a ponte entre dois locais e dois ou mais seres humanos.
Voltemos à vaca fria, que é como quem diz, ao voto.
Infelizmente não é a única palavra que perdeu o seu sentido, pois amor, amizade, respeito e solidariedade também o perderam, pois hoje é quase tudo congelado ou pronto a utilizar.
Não admira, pois, que ao usarmos o direito de voto, ele acabe por estar também, descontextualizado em relação ao seu verdadeiro sentido.
Votamos, como se fossemos dar votos de boas festas, num passo apressado para evitar uma prosa curta com quem nos cruzamos, aqui ou acolá.
As palavras estão a perder o seu sentido, correndo o risco de se transformarem em acentos ou sinais gráficos, sem substrato entre estes.
Vivemos tempos conturbados em termos de valores morais, porque a palavra dada, só tem sentido quando isso acontece, pois, como diz o povo, palavras leva-as o vento.
A palavra “voto” é uma das que perdeu o seu significado, pois a tendência é que seja de sentido único, ou seja, só para um lado.
A comprovar esta afirmação estão as mensagens pré fabricadas, pois basta copiar e depois enviar, sem nenhum conteúdo pessoal, pois tanto serve para um familiar, amigo próximo ou conhecido.
Votos de feliz aniversário iguais para todos! Votos de boas festas sem destinatário definido.
Votos “congelados”, pois servem de um ano para o outro, basta fazer o mesmo procedimento.
Agora falemos de outros votos, que também o são desprovidos de valor e que são os dos políticos quando pretendem que os outros lhes facultem mordomias para si próprios.
Votos distribuídos a pessoas que, depois de os materializarem, se esfumam com enorme rapidez.
Vamos dar votos a quem, depois de os terem, nos ignoram, deixando de ter voto na matéria.
Fomos apenas um veículo de transmissão para ambições desmedidas, opressoras e obscuras.
Passamos a vida a acreditar em promessas, que sabemos de antemão que não irão ser cumpridas, mas o nosso espírito subserviente não nos permite alcançar a força de dizer, não!
Votar, é pois, um acto perigoso, quando os destinatários não são de confiança ou não deram, ainda, qualquer prova de competência ou honestidade, para merecerem tal benesse.
O mais grave de toda esta novela, é que os “dadores” de votos ainda acreditam em milagres ou então acham que os outros irão mudar.
Os usufrutuários dos últimos votos, já andam a cozinhar, nas nossas costas, mais medidas comprovadamente criminosas, com a finalidade de imporem, por esta via, as suas politicas de dominação, fomentada através do medo e da repressão, disfarçados de bons samaritanos.
Gente do nosso país, acordem de uma vez por todas; ponham na balança as promessas e a realidade para pesarem as consequências.
A finalizar vou recordar outros votos que, muitas vezes não passam de palavras vãs, falsas, que são os famigerados “votos de castidade” ou “votos de casamento”.
Tirem as vossas conclusões e pensam no significado das palavras antes de passarem à acção.
Avizinhavam-se, de novo tempos conturbados e criminosos!
Pergunto; ainda precisam de sofrer mais, para verem a realidade?
Antigamente os senhores da guerra eram legitimados pelas armas para conseguirem, por este meio escravizar os seus semelhantes, matando e roubando a seu belo prazer.
Hoje, usam os votos que nós, ingenuamente, lhes oferecemos, utilizando, outro tipo de armas que matam muito mais do que as convencionais.
VOTOS
VOTEM OTÁRIOS para TERMOS ORDEM para SUFOCAR!
Autor: Fernando Roldão
Texto escrito pelo antigo acordo ortográfico