Home - Opinião - Fotos sem flash. Autor: Fernando Roldão

Fotos sem flash. Autor: Fernando Roldão

Andei um pouco por aí, meio férias, meio trabalho, ajudando alguns amigos, usufruindo de um verdadeiro verão, com calor e pouca chuva, a relembrar os meus tempos de juventude.

Sempre houve calor e algumas secas, mas alguns “iluminados” querem impor-nos, à força de “influenciadores”, que não conseguem influenciar quem pensa pela sua cabeça e conhece um pouco da vida, que há graves alterações climáticas.

Não vou escrever sobre este tema, pois dava pano para mangas e ainda não chegou a altura de cortar a fazenda para terminar o fato.

Este ano, foi um gosto ver os portugueses, e não só, a usufruírem do sol na sua plenitude, bem como das belas paisagens com que este belo país foi brindado, tentando compensar o tempo em que estiveram em prisão domiciliária.

Este verão trouxe-me as memórias, de um tempo em que havia liberdade para quase tudo, apesar de uns canhotos quererem influenciar-nos do contrário, esquecendo-se de que estiverem sem ela durante dois anos, graças aos famosos influenciadores que a ONU contratou para nos fazer acreditar em escandalosas mentiras, transformando-as em verdades, que é como quem diz, democracia de sentido único.

Aproveito para informar que a iniciativa foi anunciada por António Guterres e denominava-se “Verified” e que tinha como objectivo combater a desinformação e as notícias falsas.

Resta saber quais as falsas e as verdadeiras, incitando a população mundial a serem “informantes voluntários” e consequentemente censurar o que fosse contra as suas verdades.

Não vou alongar-me mais sobre este tema, dado que já escrevi várias vezes sobre o mesmo e em artigos de opinião, publicados no Correio da Beira Serra.

Voltando às minhas memórias, relembro os milhares de japoneses que nos visitavam há umas décadas atrás, quase todos munidos de uma máquina fotográfica, fazendo fotos a torto e a direito, para mais tarde recordar, como dizia o “slogan”de uma conhecida marca dessas máquinas.

Hoje, praticamente qualquer comum cidadão tem uma máquina fotográfica nos seus telemóveis, celulares e afins, podendo, ao segundo, fazer o itinerário das suas vidas.

Eu também me incluo no lote dos privilegiados que possuem uma dessas maravilhosas câmaras e que reproduzem com uma enorme nitidez, tudo o que nos aparece pela frente.

Devido ao facto, compreensível, de ser incomportável publicar uma crónica fotográfica neste espaço, eu vou convertê-lo em fotos sem flash.

Começo por “mostrar” fotos de locais públicos de estacionamento, onde os lugares quase que valiam ouro, tanta eram a procura dos veraneantes, portadores de automóveis como forma de se deslocarem para os seus locais de eleição, dada a falta de transportes públicos.

Retratei muitos automóveis estacionados fora dos espaços marcados para o efeito e com uma tendência, viral, de ocuparem dois lugares com um único veículo.

A falta de civismo estava no seu apogeu, chegando ao extremo de sete veículos ocuparem o lugar de dez num só local, mas como tirei várias “fotos” por onde andei, imaginem os cidadãos que ficaram sem direito ao seu lugarzito.

Cori Gauff é uma tenista americana, mais conhecida por Coco Gauff, que tive oportunidade de ver jogar, através da televisão e que me fez lembrar, as dezenas de Cocos que encontrei em muitos locais que visitei, não tenistas, mas os resultados das necessidades fisiológicas do melhor amigo do homem, que não têm culpa que os seus donos não defendam o ambiente e a eles próprios.

Os excrementos dos donos dos cãezinhos, apareciam em muitos locais, lado a lado com os dos donos dos mesmos, num verdadeiro mapa de fossas sépticas ao ar livre.

Já sei que vão argumentar que em muitos locais não há sanitários públicos, o que denota um desinteresse das instituições para com as necessidades dos seus cidadãos, com a agravante de que muitos estabelecimentos, à beira-mar plantados, não têm esse compartimento ou em último caso, só para uso dos seus clientes, o que eu até entendo.

Na via pública, quando o patrão vai passear o seu cãozinho, executa um passo de dança para recolher as fezes do animal, caso contrário, estará sujeito a uma coima, como se diz agora.

Cidadão civilizado é o que faz e então eu pergunto, porque não recolhe as fezes do seu animal e as suas, para mais tarde as colocar no sítio apropriado?

Manter os espaços públicos asseados, também é dever de um cidadão, mesmo numa paisagem mais natural, evitando as lavagens de sapatos daqueles que desconhecem a localização exacta das “sanitas” ao ar livre, poupando assim a água tão preciosa.

Fiz algumas fotos do palavreado, vernáculo, por vezes obsceno, de utilizadores de restaurantes super lotados, acompanhadas de verdadeiras zoadas, tipo rave da pesada, onde a minha companheira de mesa, dizia que não me ouvia.

Os empregados de mesa sofriam a bom sofrer, com dificuldades de audição para anotarem o pedido dos selvagens que pululavam pelo espaço e que em muitos locais deixavam as instalações sanitárias literalmente fora de serviço.

Gostaria de publicar a foto de uma dose de amêijoas que foi para a nessa do lado, pela módica quantia de 26 €, mas tive medo que os ocupantes da mesa se apercebessem do roubo, pois quem já foi ao supermercado, teve oportunidade de olhar para o preço de cada quilo e aquelas conchinhas, teriam no máximo 150 gramas.

A pretexto de várias desculpas, apanharam a onda especulativa, que um dia se irá virar contra eles, como aliás já aconteceu no sul de Portugal e mais de uma vez.

Um cão, preso pelo pescoço um ano inteiro, quando o soltam, corre e salta de alegria, sem olhar aos riscos que essa liberdade pode ter nele, pois perde a noção de segurança.

Vou finalizar com uma foto, com cerca de 50 anos, mas que ainda se encontra em excelente estado de conservação e onde se pode ver os grupos que vão de férias no mês de Agosto.

Férias, pressupõem, descontracção, livre do stress de onze meses de verdadeiras maratonas pela sobrevivência, tornando, só aqueles, 30 dias um período insuficiente para usufruir delas.

Os preços especulativos que encontrei são o resultado de um só mês de férias, porque se o povo pudesse ter três meses de opções para as gozar, como o era antigamente, decerto que esta situação não seria tão escandalosa e o Zé poderia dizer, a plenos pulmões “vou de férias”.

Conduziram o povo a um período mínimo e limitado de férias, em que este, sem se aperceber, vai terminá-las mais cansado do que quando as iniciou.

Durante onze meses é uma correria, uma azáfama e uma luta para enfrentar as filas nos supermercados, no trânsito, no estacionamento, já para não falar nos ruídos provocados por gente egocêntrica e mal preparada para viver em sociedade.

Depois deste calvário, ainda leva para férias tudo isto, “imaginando” que vai descansar?

Não há dúvida nenhuma que o povo é cego, surdo e mudo.

 

 

 

Autor: Fernando Roldão

Texto escrito pelo antigo acordo ortográfico

LEIA TAMBÉM

Por favor, ajudem-nos. Autor: Fernando Tavares Pereira

Depois de ter chamado, em vários textos, a atenção do Executivo que se encontrava no …

Celebrar Abril, 50 anos depois. Autor: Renato Nunes

O ano de 2024 assinala o cinquentenário da Revolução de 1974 e os 500 anos …