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Queijo Serra da Estrela DOP e foguetório pós incêndios. Autor: João Dinis

– Queijo Serra da Estrela –  Ovelha BORDALEIRA  Serra da Estrela –

Outros Produtos Pecuários (Regionais) de Qualidade.

 Basta de alienação e irresponsabilidade institucionais!!

Pelo que se vê, os Incêndios Florestais/Rurais de 15 (e 16) de Outubro, 2017, e a Seca dura e prolongada, afinal, não existiram nem existem! Até parece que são “invenções” de maldizentes! Vamos é pôr o Povo a saltar que é para também fazerem “exercício” – ou para fazer jus ao dito do “quem canta seu mal espanta”…

Sim, “só” isto se pode deduzir dos “programas” alienatórios – de várias “Feiras” e “Festas” de Queijo da Serra – praticados pelas Câmaras Municipais de alguns dos Municípios mais atingidos pela tragédia e pelo desastre!!… Vendo nós com olhos de ver tais “Programas” festivaleiros, até parece que por cá não aconteceu e não acontece nada de completamente excepcional a dar-nos cabo da vida !   Com consequências que ameaçam “de morte” a produção de – Leite, Queijo, Requeijão e Carne  – de Ovinos de uma grande parte dos nossos Pastores e Produtores mais genuínos e mais necessários à Região!

Enfim, nós até gostamos de festas… Porém, acontece que nos Incêndios do ano passado, “arderam” mais de 5 mil Ovinos dos quais umas mil Ovelhas Bordaleiras Serra da Estrela, sendo que esta raça (“autóctone”) de Ovelhas (ao todo havia registadas cerca de 15 mil) é muito “nossa”, da nossa Região, e é indispensável à produção do Queijo Serra da Estrela  “DOP” (certificado) também já considerado como uma das “7 maravilhas gastronómicas de Portugal” …

E sim, a situação em consequência dos flagelos brutais que foram e continuam sendo os Incêndios Florestais/Rurais que carbonizaram a Região, e a Seca que a estiolou e que ainda se não foi embora, são contextos que ameaçam “de morte” a actividade tradicional da pastorícia e das suas Produções mais tradicionais e que, portanto, ameaçam a coesão sócio-económica e o património “vivo” desta nossa Região Centro.

Mais e melhor intervenção – pública e institucional – e menos espalhafato!

Sim, chega a “doer na alma” tamanha alienação por parte de Autarcas e Autarquias que deveriam estar no terreno – e de facto não estão! – a defenderem, a sério, sistematicamente e em todo o lado, de todas as formas e feitios, “preciosidades” como o são os nossos Pastores e Queijeiras, as Ovelhas Bordaleiras Serra da Estrela, o Queijo e outros Produtos Tradicionais !

Sim e sim !  É pura alienação, é pura irresponsabilidade pública e institucional, fazer-se “feiras”, “festas” e “festivais” – a pretexto do Queijo da Serra (certificado ou não) – sem abrir e promover espaços animados para o debate e a reflexão – comuns – sobre a situação desgraçada em que ficámos, e sem reclamar por outras, melhores e urgentes medidas de apoio para acudir ao desastre e prevenir outros desastres mais!

Assim, um dia destes, continuam “eles” a promover festarolas deste tipo “ruidoso” …mas, entretanto, já por cá não há…pastores…queijeiras…queijo da serra genuíno…ovelhas Bordaleiras Serra da Estrela…património vivo e colectivo !… E “eles” vão continuar a “encher as bocas” com queijo (até daquele francês, caríssimo…), menos com o genuinamente “nosso” e tradicional Queijo Serra da Estrela… Mas, entretanto, nós outros perdemos valores e património construídos durante séculos, com “sangue, suor e lágrimas”, por gerações sucessivas de pastores e queijeiras e, aqui ou ali, com  a colaboração de outros especialistas na matéria.

“Plano Integrado e de Contingência” para reposição dos Efectivos Pecuários “ardidos”, e da Ovelha Bordaleira Serra da Estrela em especial, e para defesa dos nossos Produtos Pecuários mais genuínos e dos seus mais legítimos Produtores!

Da parte da CNA – onde nós próprios incluímos a nossa acção – e para além de outras iniciativas, estamos a propor ao Governo e demais Órgãos de Soberania (desde Dezembro passado) um “Plano Integrado de Contingência”, com o objectivo de se intervir, a todos os níveis e em estreita colaboração com as Organizações de Produtores Pecuários locais, para que, de forma sistemática, devidamente organizada e coordenada, se reponha os efectivos pecuários (e mesmo as explorações…)  “ardidos” nos Incêndios e para assim defender os nossos Produtos mais tradicionais e os seus mais legítimos Produtores,  em que um número significativo sofreu pesados prejuízos.  Só que até agora pouco mais do que nada…para além da propaganda ilusória dos “milhões” em que se especializou o Ministro da Agricultura…

Passamos a detalhar esse “Plano Integrado de Contingência”, o qual não só é indispensável como (ainda) é possível, e assim haja vontade política por parte dos governantes e das próprias Autarquias!

– Plano  Integrado  de Contingência –

É exigível junto do Ministério da Agricultura e do Governo, a criação e execução – rápidas – de um “Plano Integrado de Contingência” para estabilizar a crise na produção e nos Produtores de Ovinos, e garantir os equilíbrios sócio-económicos, genealógicos e ambientais.  Assim:

Objectivos gerais:

— Pela reposição dos Efectivos Pecuários, nomeadamente de Ovelha Bordaleira.

— Pelo controlo das características desta Raça Autóctone.

– Pelo controlo da Sanidade Animal.

— Em defesa do Queijo da Serra da Estrela e de outros Produtos Pecuários (regionais) de  qualidade.

— Em defesa dos interesses dos pequenos e médios Produtores Pecuários de Ovinos e Caprinos e seus derivados de qualidade e contra a concentração de rebanhos e de produções pecuárias na Região.

— Contra as traficâncias e os traficantes.

— Pela recuperação sócio-económica e pela coesão social e territorial destes territórios fragilizados.

Note-se que este “Plano” é complementar a outras ajudas comuns já definidas (ou a definir) por causa da Seca e também dos Incêndios.

Medidas práticas do “Plano Integrado de Contingência”:

  • Planificação institucional da reposição dos Efectivos “queimados” com prioridade para os Produtores mais tradicionais.
  • Deve ser instituído um prémio especial para a recria – na base de 50 euros por animal (fêmea) manifestado em recria – ou de 50 euros (durante 2018) por fêmea prenhe e ainda no “alfeiro” – esta a parte do rebanho que é separada e maneada com as fêmeas ainda “prenhas”.
  1. – Ao mesmo tempo e onde for necessário, a DGAV, Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária, deve fornecer animais (em especial Bordaleiras-fêmeas) para recria aos Produtores interessados – e dentro dos seus próprios rebanhos – que devem assinar um “termo de responsabilidade” para o efeito.  Esta intervenção deve ter em conta o “Plano de Recria” de Bordaleiras que a ANCOSE está a executar.
  • Devem ser acautelados todos os “direitos” – ajudas da PAC – aos Produtores afectados pelos Incêndios e também pela Seca.
  • Deve, a DGAV, promover recolha(s) extraordinária(s) – grátis – de sangue para análise sanitária.
  • Deve manter-se uma Ajuda (oficial) à Alimentação Animal até à reposição das Pastagens naturais.
  • Deve intensificar-se a fiscalização às importações e às transferências de Animais e de Leites, nomeadamente aos provenientes de Espanha.
  • Devem ser reforçados os recursos financeiros e humanos da DGAV e das Zonas Agrárias na Região.

 Algumas medidas complementares mas também elas urgentes:

— Definição e aplicação de um sistema “oficial” de Análises ao Leite de Ovinos, e de Ovelha em especial, para dessa forma compensar, logo no Preço aos Produtores, a produção de Leite de Ovelha Bordaleira Serra da Estrela comparativamente com o Leite de outras Raças.

— AJUDAS PAC -2017/18 e seguintes:

Com o Aumento das Ajudas da PAC – dos “prémios” –  para as Raças Autóctones,  desde logo para a Avelha Bordaleira Serra da Estrela e para a Cabra Serrana.

— Revisão das condições tecno-burocráticas e financeiras – muitas vezes desadequadas e injustas – que o Ministério da Agricultura está a aplicar na análise e aprovação dos projectos de reposição em produção das Explorações Agro-Pecuárias afectadas, no âmbito do PDR 2020 (Programa de Desenvolvimento Rural em vigor).

Agir só amanhã…já pode ser tarde…

A razia provocada pelos incêndios, logo a falta de Bordaleiras, a necessária e equilibrada reposição dos efectivos – são factores ESTRUTURANTES, agora, tendo em vista os “queimados” e o futuro dos Produtores que queiram continuar na produção de Leite, Lacticínios, de Carne…

Ou a DGAV e o MAFDR – e as próprias Autarquias – intervêm agora…ou amanhã pode já ser tarde… E “só” não intervêm assim se não quiserem!…

É neste contexto de extremas dificuldades em que os Produtores Pecuários estão muito descapitalizados, e desmotivados também, em consequência da Seca e dos Incêndios que -“Feiras” – “Festas”  –  “Festivais” – como aqueles que por cá se vão fazendo, não passam de manifestações “ruidosas” mas mais de alienação e irresponsabilidade – institucionais – por parte de quem os promove, afinal e repete-se, tal como se não tivesse acontecido e estivesse a acontecer nada de realmente excepcional e tremendo a dar-nos cabo da vida !…

Autor: João Dinis, Jano

 

 

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