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Rastreio à diabetes transpôs isolamento e chegou hoje à Gramaça

… do Hospital, que foi até a uma das mais isoladas aldeias do concelho – a Gramaça – fazer o rastreio da doença. A população local, agradeceu a iniciativa.

A informação chegou através de ofício à Gramaça e a população não faltou esta manhã ao rastreio que está a ser realizado pela equipa multidisciplinar da diabetes do Centro de Saúde de Oliveira do Hospital.

Anteciparam-se à unidade móvel disponibilizada pela Administração Regional de Saúde do Centro, mas os 14 habitantes da Gramaça não arredaram pé até que a equipa chegasse e realizasse o rastreio.

“Recebi um ofício na Associação e avisei a população de que vinham cá fazer o rastreio”, contou Armando Lopes Freire de olhos postos na estrada com o objectivo de avistar a unidade móvel que tardava em chegar. “Primeiro disseram que vinham às 10h00 e depois disseram às 09h00”, referiu quando no sino da capela soavam as dez badaladas.

“Já lá vem outro carro”, disse uma moradora inquieta ao avistar o veículo em que se dirigia o enfermeiro Sá Rodrigues. Em poucos minutos a equipa ficou completa e deu início ao rastreio que consistiu em registar o peso, altura, perímetro abdominal, glicemia e a idade.

Maioritariamente constituída por idosos, a população mobilizou-se para aproveitar a oportunidade que esta manhã aconteceu pela primeira vez naquela localidade marcada pelo isolamento. “Acho muito bem que venham até cá. Também somos cidadãos como os da cidade”, afirmou António Fonseca que, aos 80 anos de idade, entende como necessária a visita de um médico, pelo menos uma vez por mês, à Gramaça. Avançados na idade e penalizados pelos males do isolamento, os habitantes da Gramaça deparam-se com o problema da mobilidade, sendo muitas das vezes obrigados a percorrer cerca de quatro quilómetros até Vale de Maceira para apanharem o autocarro.

“Estamos muito isolados”, afirmou Maria da Conceição Lourenço que juntamente com o marido formam o casal mais novo da aldeia, com idades que se situam na casa dos 50 anos. O filho de 29 anos não é o mais novo da freguesia. O último a nascer na Gramaça tem agora sete anos de idade e é filho de Arminda da Conceição Pereira que subsiste do trabalho na agricultura.

A par das queixas do isolamento surge também o descontentamento pelo facto de na aldeia ainda não existir sistema de saneamento básico. “As fossas estão cheias e já estão a drenar para os caminhos públicos e para os terrenos privados”, denunciou uma moradora, de imediato apoiada por outra que referiu que “não há outra necessidade como essa”.

Descobrir casos de risco acrescido para a diabetes

 

“Está tudo bem. Você está óptima”, referia o enfermeiro Sá Rodrigues à quase maioria dos rastreados, com excepção de alguns a quem já tinha sido diagnosticada a doença. “Com este clima não pode haver doenças”, disse ainda a médica responsável pela consulta da diabetes no Centro de Saúde de Oliveira do Hospital, revelando-se maravilhada com a paisagem que envolve a localidade. Os resultados conclusivos ficaram reservados para depois e a equipa seguiu caminho para Chão Sobral, onde a esperava outro grupo de pessoas.

Inserida no programa da Semana da Diabetes que começou segunda-feira e se prolonga até sexta-feira, Dia Mundial da Diabetes, a realização dos rastreios tem o objectivo de descobrir casos de pessoas com riscos acrescidos para a diabetes. Sá Rodrigues destacou como factores preocupantes o excesso de peso, do perímetro abdominal e glicemia elevada. “É o cocktail perfeito para determinar se as pessoas são ou não diabéticas”, explicou o enfermeiro, contando que ontem foi detectada uma pessoa em Penalva de Alva com glicemia elevadíssima.

Preocupante foi também o resultado do rastreio realizado na feira mensal, onde a equipa detectou 11 pessoas em situação de risco.

No ano em que é dada particular atenção à diabetes em crianças e jovens, a equipa de Oliveira do Hospital justifica a deslocação à Gramaça e Chão Sobral com a necessidade de aproximar os cuidados de saúde às populações mais isoladas. Para além disso – como explicou Sá Rodrigues – a diabetes é uma doença que se vem manifestando nos idosos.

Quanto à incidência da doença em todo o território concelhio, o enfermeiro que integra a equipa multidisciplinar referiu que “não anda fora dos parâmetros a nível nacional”. “Não fugimos à regra, mas é de todo o interesse fazer a sensibilização e rastreios para descobrir casos de risco”, frisou, destacando a importância do envolvimento do doente com a doença, bem como na auto-vigilância. Sá Rodrigues destacou como mau exemplo o facto de muitos diabéticos continuarem a tentar curar constipações com recurso ao mel. “É um grave problema em Oliveira do Hospital”, sustentou.

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