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SARS-COV-2, o regresso… do novo normal! (PARTE II). Autor: Carlos Antunes

Para além de termos uma visão da situação epidmiológicas dos países vizinhos, fundamental para avaliarmos a necessidade de medidas a aplicar, é necessário também ter uma visão global da pandemia, quer em termos de incidência da infecção por SARS-Cov-2, quer em termos de letalidade e respectiva taxa (nº de óbitos/nº de casos).
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Uma rápida leitura sobre a pandemia de 1918, a Pneumónica ou Gripe Espanhola, permite-nos observar que o nome dado de “Espanhola” se deveu ao facto de Espanha ter sido na altura, talvez o único país com liberdade de imprensa. No pós-guerra, a maior parte dos países praticava a censura à comunicação social, pelo que a única informação sobre a epidemia da influenza vinha de Espanha, transmitindo a ideia que era o único país que sofria uma epidemia.
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É uma situação que não devemos repetir, não devemos ocultar a informação objectiva sobre a pandemia, muito menos gerar confusão na população. Isto não significa que se deve incutir e transmitir medo às pessoas. Não, significa que se deve informar com toda a informação possível. E aqui a ciência e os cientistas têm um papel acrescido, o de informar. Uma coisa é informar, outra coisa é opinar, e não devemos confundir as duas coisas, quer sejamos, os que emitimos a informação quer sejamos os que recebemos a informação. Deve haver aqui, principalmente nos que lêem, um espírito critico e capacidade de interpretação para poder separar o que é informação do que é opinião.
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Feita esta introdução, podemos então observar o que se passa no mundo inteiro, uma vez que a comunicação social só fala dos números totais. Os dados aqui usados são retirados do site https://www.worldometers.info/coronavirus/.
A modelação dos dados mundiais é feita com a mesma abordagem da análise para cada país ou região, através de uma Função Densidade de Probabilidade (PDF – Probability Density Function) do tipo exponencial. A novidade que agora apresento é a necessidade de se aplicarem sucessivas PDF devido à mudança de tendência epidémica, ou seja, devido à formação de uma nova onda, com configuração distinta (por ex.: período de pico, amplitude diferentes ou coeficiente de assimetria). No caso mundial o que observamos é uma acumulação ou adição das curvas epidémicas de cada país, ela resulta do somatório de todas as curvas epidémicas. Apesar de oferecer alguma dificuldade, torna-se mesmo assim mais fácil modelá-la, pois é uma onda com maior inércia (lei da Física que traduz, basicamente, a resistência à mudança). Donde, qualquer alteração ou transição de fase, ocorre de forma suave sem grande interrupção ou descontinuidade, a partir da qual a curva ganha momentum.
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Na curva de incidência dos casos Covid-19 notificados a nível mundial identificam-se várias ondas que acabam por se sobrepor, dado o facto de uma dada onda num continente poder começar antes das ondas de outros continentes acabarem. Pelo que, conseguimos identificar a onda da China (já não visível devido a magnitude actual da curva epidémica no gráfico que se mostra), a onda da Europa, a onda das Américas, e agora a onda da Ásia mais a 2ª onda da Europa que se formou recentemente. Tirando um pequeno período em Fevereiro, que correspondeu à passagem da onda da China para a onda da Europa, raramente o R(t) esteve abaixo de 1.0. O que justifica que a onda esteve, desde início de Março, quase sempre a subir. Em meados de Agosto, único período que o R baixou de 1.0, iniciou-se uma breve descida que foi logo contrariada com o início da segunda vaga na Europa e, de uma forma geral, em todas as partes do mundo. Incluindo os EUA que acaba de iniciar a sua 3ª onda epidémica.
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Em termos de letalidade, a situação mundial é a que melhor espelha a diminuição da taxa de letalidade, ou seja, a diminuição do rácio nºóbitos/nºcasos. Atingindo-se em finais de Abril uma taxa de letalidade máxima de 7.3%, tendo vindo a diminuir desde essa altura e estando agora apenas nos 3.0%. Esta situação deve-se, em primeira instância, ao maior aumento de casos nos grupos etários mais novos (até aos 49 anos) e menos susceptíveis de desenvolver um quadro grave de Covid-19, portanto menor incidência nos grupos de risco, já que depois do desconfinamento foram os mais jovens que mais se expuseram ao contágio; bem como, ao facto de que clinicamente se tem maior conhecimento e maior eficácia de tratamento, quer pela experiência adquirida quer pela partilha de conhecimento médico (funcionamento em rede), quer por melhores tratamentos dos casos mais graves. Uma terceira explicação, mas que não é muito consensual e para a qual não existe ainda evidência, é o aumento das mutações do vírus poder estar a tornar o vírus menos letal. Existem já trabalhos em publicação que indiciam maior infecciosidade, mas nada concluem sobre a alteração da sua letalidade.
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Este tipo de abordagem na modelação numérica da evolução epidmiológica permite uma boa previsão do nº de casos e de óbitos a curto e médio prazo. Pelo que é provável que venhamos a a atingir um número na ordem dos 60 milhões de casos e 1.5 milhão de óbitos com Covid-19 até o final do ano a nível mundial.
Autor: Carlos Antunes

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