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“Vale a pena entrar por este caminho destrutivo da mineração [em Tábua]?”

Presidente da Câmara Municipal de Tábua foi confrontado por algumas dezenas de populares que pretendiam receber informações sobre o processo de prospecção de minério no concelho. A sala foi pequena para acolher tanta gente. As preocupações eram muitas, particularmente de quem investiu no turismo. Mas as respostas do executivo foram escassas, empurrando as decisões para as entidades governamentais. Um belga, que escolheu, há 40 anos, Tábua para viver, questionou mesmo o presidente Ricardo Cruz sobre se “Vale a pena entrar por este caminho destrutivo da mineração?” A resposta foi que a CM faz o possível… Mas há quem defenda que o executivo tem poder de influência e que “pode e deve” tomar uma posição política pública sobre o caso, seja a favor seja contra.

O salão que acolhe normalmente as reuniões abertas da Câmara Municipal de Tábua foi pequeno para receber os muitos populares, grande parte deles estrangeiros, que pretendiam saber a posição da autarquia sobre a prospecção de minério na designada zona Vale de Gaios. O presidente do município, que já deu o seu parecer favorável, embora com algumas restrições, explicou que a sua apreciação restringiu a prospecção em todos locais onde era legalmente possível. O resto, diz, está nas mãos de entidades do Poder Central.

“Politicamente, era mais fácil dizermos que somos contra… Mas não somos donos do ordenamento do território, iremos defender os interesses do Município de acordo com a legislação”, resumiu Ricardo Cruz, assumindo que a edilidade não tem competências para parar o processo. “Não vamos andar aqui a dizer não, não e não, apenas por populismo. Temos de ter sustentação legal fizemos o que era possível”.

A população vinda de Vale de Gaios, Midões, Várzea de Candosa, entre outros locais abrangidos no mapa de prospecção, não ficou satisfeita com as respostas. Erik De Vocht, um belga de 69 anos, teve mesmo uma intervenção emocionada que recebeu fortes aplausos. “A nossa terra manteve muito do seu ambiente natural, o que faz desta área um local de eleição para muitos turistas, tantos portugueses, como estrangeiros. Muitos ficaram de tal maneira encantados que compraram cá casas e quintas, alguns só para viver, mas também muitos para investir na área do turismo”, disse, questionando a autarquia sobre se “vale a pena entrar por este caminho destrutivo da mineração?” “Este caso é demasiado sério para ficar manchado pela política e, se este processo avançar, aqueles que apostaram no turismo podem fechar portas e esquecer os sonhos”, referiu. Ao seu lado, a companheira de Erik De Vocht, após ouvir Ricardo Cruz, escreveu num caderno sobre a intervenção do autarca: “Falou muito, mas não disse nada”.

Um homem mais jovem também lembrou, em inglês, os receios da população. Outro dos estrangeiros presentes considerou, em declarações ao CBS, que a autarquia “podia e devia tomar publicamente uma posição política” esclarecedora e não permanecer neste limbo. “Seja a favor ou contra a mineração, mas devia assumir uma posição de pressão sobre todos os envolvidos e dar a conhecer à população de que lado se encontra. Ainda por cima estamos a falar de um projecto que terá consequências nefastas para o ambiente e qualidade de vida das pessoas. A Câmara pode não decidir, mas pode exercer a sua influência, ainda por cima quando temos o exemplo das explorações de Ázere e de todos os inconvenientes que trouxe para o concelho”, frisou.

Também Tânia Pereira que é porta-voz de um movimento que está a lutar contra este projecto de mineração de Vale de Gaios procurou obter mais respostas, mas Ricardo Cruz assegurou que não tinha mais informações que aquelas que já são públicas. “Todos sabemos e temos bem marcado na memória o passado da mineração no concelho, basta visitar a zona de Ázere e ver o progresso que o minério de há décadas atrás nos trouxe. Além dos malefícios que conhecemos e desconhecemos”, referiu Tânia Pereira, que pretendia “respostas objectivas da autarquia”. Mas Ricardo Cruz voltou a salientar que a Câmara Municipal está a defender os locais que é possível defender. “Não vamos aqui dizer que vamos defender aquilo que não podemos defender…”, atirou

Quando lhe apontaram as alegadas “incoerências” do município que tem apostado na promoção turística, designando mesmo Tábua, como o Encanto das Beiras, e ao mesmo tempo dá um parecer favorável, ainda que condicionado, à prospecção mineira. O autarca repetiu a mesma frase: “defende aquilo que é possível sustentadamente defender”. Desafiou a população a apresentar as queixas no site onde está aberta a consulta pública e garantiu que já foi solicitado que o nome Vale de gaios seja retirado do processo de mineração. Ricardo Cruz também não respondeu a razão de não ter dado a conhecer o processo que só foi conhecido quando o CBS lançou a notícia da abertura do procedimento de consulta pública.

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