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“A radioactividade existe na água do rio Mondego, mas os seus níveis estão longe de ser preocupantes e foi a natureza que a lá colocou…”

“A radioactividade existe na água do rio Mondego, seja nas águas superficiais, seja nas águas subterrâneas. A região assenta em rochas graníticas que têm urânio na sua constituição, portanto não há nada a fazer.  A radiactividade está lá, porque foi a natureza que colocou lá”. Foi assim que o professor e investigador da Universidade de Coimbra Alcides Pereira abriu a sua intervenção no debate, em Penacova, promovido pelo Movimento em Defesa do Rio Mondego (MUNDA) sobre o tema a “Bacia Hidrográfica do Rio Mondego. Que estratégias face às alterações climatéricas e à seca?”. O investigador, porém, fez notar que os níveis de radioactividade presentes na água superficial estão muito abaixo daquilo que são os parâmetros indicados para consumo humano.

Sublinhando que actualmente só podemos falar do presente, dada a ausência de estudos sobre os níveis de radiactividade no rio Mondego no passado, Alcides Pereira explicou que o nível de radioactividade nas águas subterrâneas, a grande fonte de reserva de balanço das águas superficiais, é maior, mas nada de transcendente e que é também explicado pela natureza. “Essa água está em contacto mais intenso que as rochas graníticas, logo com o urânio”, sublinhou, adiantando que este estudo que está a ser actualmente realizado na Universidade de Coimbra vai permitir no futuro fazer comparações, algo que neste momento não é possível. “Mas os valores actuais não são preocupantes”, frisou.

O encontro contou também, entre outros, com a intervenção do professor do Instituto Politécnico de Viseu Baila Antunes que focou a sua palestra nas grandes ameaças sobre os recursos hídricos com as alterações climáticas e, em particular, bacia hidrográfica do Mondego. Isto num encontro em que os responsáveis do MUNDA pretendiam apurar “consensos capazes de potenciar a defesa a defesa do rio Mondego e afluentes, tendo em vista a melhoria das condições de vida das populações e a defesa do ambiente e dos recursos naturais. Baila Antunes sublinhou que cada vez mais vamos ter fenómenos meteorológicos extremos que vão impacto nos rios, na água, na vida de todos. E que por isso há que tomar medidas para mitigar estes fenómenos.

“A eficiência hídrica é fundamental…”

Este docente não tem grandes dúvidas que a existência de menos densidade populacional em grande parte do território também faz parte do problema. “Estes fenómenos são potenciados pela desertificação do interior, pelo abandono da agricultura, factores que não ajudam a combater as alterações climáticas. Uma consequência foram os incêndios de 2017 que ocorreram fora de tempo”, disse. Este professor salientou também a necessidade de nos precavermos contra a nova realidade de períodos de seca prolongada e picos de chuva intensos, devido ao aumento da temperatura que está a afectar a fauna e os animais, lembrando que a água tem, por exemplo, cada vez menos oxigénio, daí, por exemplo, a diminuição de trutas no Mondego.

Temos, diz, de ter aptidão para reter a água e não poluir os rios. “E muitas vezes basta uma pequena obra nas estruturas já existentes para aumentar a capacidade de armazenagem e regular os leitos. Como a barragem de Fagilde, no Dão, em que um investimento relativamente Pequeno aumentaria a sua capacidade. E esta solução pode ser replicada para outras barragens, sem necessidade de contruir novas, com todos os impactos negativos que daí resultam”.

“A barragem da Aguieira ajuda a controlar o leito do Mondego, no entanto, não chega. Mas em vez de se investirem milhões, podemos aumentar a capacidade de armazenamento com pequenas obras nas estruturas já existentes, obras que não são agressivas para o ambiente”, referiu, defendendo também a existência de mini-hídricas como forma mais sustentável de reter água. Para Baila Antunes a eficiência hídrica, contudo, é fundamental e recusa que a evolução esteja associada inevitavelmente a um maior consumo de água. “Os países nórdicos provam que essa teria é falsa. À medida que vão evoluindo diminuem o consumo de, precisamente devido à eficiência hídrica no nosso dia a dia. Defendeu ainda uma maior eficácia das Etars e o reaproveitamento da água nas nossas casas e abandono do desperdício de água no Verão para “regar a relva das rotundas”. “O combate começa em nós”, sublinhou.

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