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“Acredito que não se fez tudo, mas fez-se o que se pôde” (Com vídeo)

Adivinhava-se curta, mas a última reunião da Assembleia Municipal de Oliveira do Hospital voltou a dar lugar a demoradas horas de debate. Entre despedidas e balanços houve também lugar ao reconhecimento de “que não se fez tudo, mas fez-se o que se pôde”.

No terminus de um mandato autárquico marcado por processos difíceis de gerir como foram, por exemplo, os da extinção de freguesias, retirada de cursos da ESTGOH e agregação de escolas, os deputados municipais e presidentes de Junta de Freguesia foram à última Assembleia Municipal fazer uma espécie de balanço do trabalho feito.

Se do lado da bancada socialista se repetiram os elogios à atuação do executivo municipal na preocupação tida com as freguesias e à forma como o presidente da Mesa da Assembleia orientou os trabalhos de cada reunião, também ecoaram do lado da oposição críticas à gestão socialista. “Agradeço a este executivo a atenção que foi tida para com a freguesia de Ervedal da Beira que alguém quis secar durante os últimos anos”, teve oportunidade de referir o presidente daquela Junta de Freguesia, Carlos Maia, que da mesma forma elogiou o papel desempenhado por António Lopes que, a presidir a mesa da Assembleia, “soube trazer uma ética e uma cultura democrática em que toda a gente aqui pôde intervir”.

“A maneira isenta e democrática como a mesa dirigiu os trabalhos” também foi elogiada pelo social democrata João Esteves que sem deixar nota do “tratamento cordial e construtivo” que existiu entre o grupo parlamentar do PSD e o executivo, louvou sobretudo o “desempenho dos presidentes de Junta que não tiveram a vida fácil com leis da República que foram contra os desígnios das populações”. Uma intervenção com que João Esteves aproveitou para se despedir da sua participação daquele órgão. Situação que, de resto, é transversal a todos os elementos do grupo parlamentar do PSD que, pelo facto de não integrarem nenhuma lista candidata às eleições de 29 de setembro, interrompem a sua participação na vida política concelhia.

“Aprendi com todos em geral. Vim para aqui com 27 anos e é natural que tenham marcado mais a minha formação enquanto pessoa e político”

É o caso de Rui Abrantes, o mais jovem elemento da bancada social democrata e entendido como o deputado mais “combativo” e que “mais frente” fez ao executivo municipal, que de saída da Assembleia Municipal não deixou de recordar a sua entrada na vida política. “Aprendi com todos em geral. Vim para aqui com 27 anos e é natural que tenham marcado mais a minha formação enquanto pessoa e político”, referiu o jovem que não hesitou em pedir desculpa por “algum excesso” que, explicou, “é sempre na defesa do concelho e nunca por nada pessoal”.

Numa Assembleia onde presidentes de Junta de Freguesia como o de Vila Franca da Beira, João Dinis, não deixaram de se queixar da não realização de obra, foi sobretudo da bancada do movimento Oliveira do Hospital Sempre que surgiu a crítica maior. Depois de Luísa Vales ter acusado Alexandrino de “medidas eleitoralistas”, também o independente Rafael Costa não se desviou da sua habitual postura para considerar “lamentável e indigna” a atuação do presidente da Câmara não processo de retirada de mais um curso à ESTGOH. “O senhor veio para a praça pública com insinuações e discurso inflamado que não resolve o problema”, referiu o deputado e atual candidato nas listas do PSD que, apesar de considerar positivas medidas como a transferência de competências às freguesias , o orçamento participativo e o programa AtivoSociais, registou o pouco trabalho feito na área do turismo. “Para além de trazer autocarros, criar uma página no facebook e slogans panfletários não houve uma política para o turismo”, referiu, questionando ainda o presidente da Câmara se “os oliveirenses não prefeririam uma diminuição de impostos do que uma mera festa”. “Os sintéticos são más opções”, continuou o eleito.

“O presidente da Câmara fez tudo e não se venha dizer que deveria ter feito menos”, retorquiu o socialista Rodrigues Gonçalves, reportando-se ao processo da ESTGOH.

Numa Assembleia onde agradeceu os elogios, o presidente da Mesa assegurou ter entrado no desafio para “cumprir” com o seu papel e “fazer o melhor que sabia”. “Demos aqui o exemplo da elevação de que se fala e não se pratica”, disse ainda António Lopes.

“Seria suicida se avançasse com obras e fizesse endividamento que não era possível”

Atendendo às críticas, o presidente da Câmara Municipal passou os olhos por um mandato que classificou de “extremamente difícil”, marcado por dois ciclos – o ciclo em que houve dinheiro do QREN e o ciclo em que o governo fechou o acesso aos fundos comunitários – e em que foi obrigado definir prioridades porque “seria suicida se avançasse com obras e fizesse endividamento que não era possível”. Assumindo a descentralização de competências às juntas como uma das suas principais conquistas, José Carlos Alexandrino admitiu não ter cumprido algumas das suas promessas eleitorais e clarificou não se ter comprometido em requalificar a zona histórica, obra que espera levar a efeito num próximo mandato.

Ao fim de quatro anos de governação, Alexandrino admite excessos tidos em reuniões de Assembleia, mas de um modo geral está certo de ter tomado “opções corretas”, nomeadamente ao dar maior atenção a freguesias até aqui “mais distantes” de outras no que ao investimento diz respeito, dando o exemplo da preocupação de dotar localidades como a Moita, Carvalha e Formarigo com saneamento. “Muito foi feito” assegura o presidente que, apesar de certo que “não se fez tudo”, está consciente de que se fez o que se pôde. No que ao desemprego diz respeito, o autarca esclareceu não ter sido responsável pelas medidas que levaram à insolvência de algumas empresas. “Se calhar outros ajudaram”, registou.
Sobre o presidente da Assembleia Municipal, Alexandrino não escondeu dos deputados e presidentes de Junta que António Lopes foi “a pessoa mais crítica” do seu mandato.

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