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Editorial: O narcisismo e arrogância política de Alexandrino!

O presidente da Câmara de Oliveira do Hospital tem um problema que parece afectar aqueles políticos que se sentem apoiados por maiorias demasiado confortáveis: tornam-se politicamente arrogantes e narcisistas. A forma como José Carlos Alexandrino exerce o poder é bem revelador de alguém que ganhou um hábito típico em grande parte dos políticos que depois dificilmente perdem que é o de pensar que têm uma influência e importância que lhe permitem por e dispor. Como se sem a sua personalidade política Oliveira do Hospital não fosse tratada com a dignidade que merece. Trata com desdém a oposição, despreza e, de alguma forma, trata mesmo com alguma falta de decoro democrático todos aqueles que discordam das suas ideias e enxovalha os jornais que colocam notícias que não lhe agradam ou que não têm o efeito que ele deseja a junto do público.

Exemplo. Um episódio destes dias – a discussão em torno de um anúncio de um apoio do autarca a uma família que atravessa problemas devido à doença de um dos seus filhos – é revelador de como quem tem o poder não se importa de passar levianamente as culpas dos seus erros para terceiros. Foi verdadeiramente extraordinária a explicação que deu à critica do presidente da Junta de Travanca de Lagos sobre a forma como tratou o assunto e expôs publicamente as agruras que vive aquela gente. José Carlos Alexandrino limitou-se a transferir a responsabilidade para quem deu a noticia daquilo que ele próprio anunciou em reunião pública de Câmara Municipal. A desculpa foi a mais fácil: “Infelizmente apareceu por aqui um jornalista que andava à procura de uma bomba sobre uma carrinha da autarquia. E só por isso surgiu a notícia, porque nós não gostamos de aproveitar a desgraça alheia”.

Como? O presidente da Câmara acha que não é notícia quando anuncia que vai pagar um subsídio de forma extraordinária e promete levar a uma próxima reunião um outro subsídio de mais mil euros para auxiliar as despesas daquele agregado familiar? Considera que não merece destaque a sua declaração de que pretende promover um encontro com o pai da criança para arranjar uma solução para que toda a comunidade pudesse ajudar esta família a que “tivesse um Natal, que será certamente difícil, ligeiramente melhor”. Mais. Se não queria que a notícia viesse a publico porque não pediu para os jornalistas não a noticiarem como o fez em relação à atribuição de pequenos electrodomésticos a associações (o que foi respeitado pelo CBS)? Porquê? Se não era para ser público porque é que o assunto não foi tratado numa reunião de Câmara fechada e não naquela aberta a quem pretendia assistir? Agora, repudia a notícia e procura lançar as responsabilidades para cima do “mensageiro”. Revelador.

É difícil entender que o presidente, numa sala onde se encontram jornalistas, acreditasse sinceramente que tal não seria notícia. Como se esse não fosse o dever dos jornalistas para com os leitores. Por vezes, fica a ideia que alguns políticos agem como se nos tomassem a todos por burros e ignorantes. Por isso podem dizer não importa o quê sem necessidade de assumir responsabilidades e dar explicações. Mais. Voltando à referida carrinha (a tal que o jornalista do CBS procurava como uma bomba), o autarca foi questionado na Assembleia Municipal por duas vezes por eleito socialista se tal era verdade, uma vez que tinha sido abordado por vários munícipes nesse sentido. Em ambos os casos ficou sem resposta. Algo que parece dar razão ao eleito António Lopes que tem acusado sistematicamente o autarca de responder apenas ao que quer e como quer.

Como se tudo isso não fosse bizarro, José Carlos Alexandrino ainda tratou com ar de enfado, a roçar a falta de educação, quem o que o questionou. Aqueles – na verdade apenas um eleito do PSD, Rafael Costa – que não alinharam no coro de elogios de que foi alvo numa Assembleia Municipal em que anunciou muitas obras e verbas para as juntas de freguesia. As criticas de Rafael Costa foram respondidas de forma quase grosseira. Tratando-o quase como um ignorante que vive em Lisboa e vem a espaços a Oliveira do Hospital, ignorando tudo o que se passa no concelho. Quem ocupa o cargo de líder de um município não pode tratar desta forma um homem que foi legitimamente e democraticamente eleito. Mais uma vez aqui ignorando que questionar as decisões do executivo é o dever e um direito da oposição. Ou será que andamos a brincar à democracia?

Outro dos problemas políticos de Alexandrino revelou-se durante a apresentação daquele que é o maior orçamento da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital e que, provavelmente, conseguirá melhorar significativamente a imagem da cidade: a falta de modéstia. Não conseguiu resistir (como é recorrente em situações semelhantes) em atribuir a maior parte dos méritos dos fundos conseguidos às suas relações pessoais ao mais alto nível. Às negociações que travou com quem gere os fundos, mesmo em Bruxelas. Para demonstrar as boas afinidades que ajudaram nisto tudo, lembrou que na sala se encontrava um jornalista que o acompanhou à capital da Bélgica, onde aquele teve hipótese de presenciar o tipo de relação que o autarca tem “com conjunto de presidentes e de pessoas que mandam nas verbas comunitárias”. Esse jornalista, continuou, até percebeu a intimidade que o autarca mantém com essas figuras, ao afirmar “que à meia-noite, uma hora” até iam “beber umas cervejas”. Este despautério ridiculariza quem assim fala de si próprio como político e é mais um sinal que, porventura, nos toma por tontos.

Manuel Mendes

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