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À Boleia Autor: André Duarte Feiteira

Porta-voz dos Números. Autor: André Feiteira.

Numa solitária noite, sem que nada o fizesse prever devido à minha pesquisa inconsciente, fui obrigado a erguer o corpo, a levantar o monitor do computador, e a escrever, apenas para dar voz aos números.

14,955,00; 17,922,50; 24.525.00 foram estes números, datados de 2012 até 2014 (pela ordem em que se encontram), que me provocaram tal desassossego. Estes valores representam o custo que o município de Oliveira do Hospital teve com o aluguer, montagem e desmontagem de stands no âmbito da EXPOH.

A primeira informação que os números me transmitiram levou-me a concluir que, das duas uma, ou estão a perder o “jeito” para negociar, já que em três anos o preço aumentou em dez mil euros, ou então a mão-de-obra e as matérias-primas subiram vertiginosamente neste espaço de tempo! De seguida, e depois do que me segredaram, pensei: será que com trinta e cinco mil euros, alguns profissionais e matéria-prima não se fariam stands que fossem reutilizáveis de uma EXPOH para a outra?! É que deixávamos de ter uma despesa fixa anual (que não é tão simpática quanto isso), para um ligeiro aumento do investimento inicial, mas que possibilitaria uma não despesa para os anos vindouros. O que me espantou, de facto, foi o momento em que os números me pediram para os somar, e recorde-se, são apenas o somatório do aluguer de stands.

57,402,50 mil euros, é este o custo para ter durante um mês, no espaço de três anos, stands na EXPOH. Como os números me fizeram pensar, e a realidade não deve fugir muito a estes pensamentos, a EXPOH terá com toda a certeza muitas outras despesas, mas, focando-me apensas e só, nos 57,402,50 mil euros, lanço o desafio: coloquem esta quantia nas mãos de (desculpem-me a expressão) um desgraçado que como a maioria de nós quer ganhar a vida, e facilmente se vão aperceber que afinal o que não passava de uma despesa para alugar tendas, passará a dar não só para fazer todo o evento, como ainda irá dar lucro.

O problema não são as festas (como uns defendem e outros criticam), mas sim a forma como são feitas, o teor, o conceito, a organização, a estrutura e, principalmente, a responsabilidade de saber que está a ser feita, e disso concordamos todos, para o bem público, mas como também é o “público” que a financia, então, se não dá lucro, que dê a menor despesa possível, pois a educação, a saúde e  a acção social, são sectores prioritários, tanto para a nossa, como para a sociedade global.

Já não bastavam os números a provocar-me tal agitação, e ainda me veio à memória uma frase que ouvi recentemente e me fez pensar, a qual passo a citar: “No meu tempo faziam-se festas para dar dinheiro, hoje faz-se dinheiro para fazer festas”. Pelo que os números apontam, para além de não ser este o caminho, o alternativo é já ali ao lado. Esperamos que daqui por uns anos, possamos olhar para trás e reparar que houve erros, como há sempre, mas que alguns foram resolvidos.

Fica apenas, e só, a dica…dos números.

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