Home - Opinião - A Pepsi e a Coca-Cola da política portuguesa

O pouco entusiasmo que suscita a actividade política nacional tem várias causas. Não é só a má qualidade dos intervenientes a desinteressar-nos.

A Pepsi e a Coca-Cola da política portuguesa

É, também, a pouca diferença que separa os dois principais partidos de poder em Portugal, o PS e o PSD.

PS e PSD, muitas vezes, demasiadas até, parecem o Dupond e Dupont, os gémeos policias das Aventuras de Tim Tim. Nada de relevante os afasta, como nada de essencial os divide. São, verdadeiramente, entediantes de tão parecidos em virtudes e defeitos. São a Pepsi e a Coca-Cola da política portuguesa.

Acontece, contudo, que, de tempos em tempos, por necessidade diferenciadora e para que justifiquem a substituição no poder, lá vão gritando umas diversidades. Diversidades que, em abono da verdade, vão variando conforme se cruzam na governação ou na oposição. É assim a política portuguesa.

A última grande diferença, que só peca por tardia, é a de que o PSD não quer ouvir falar de TGV, nem de Terceira Travessia do Tejo. Defende a líder do PSD, e muito bem, que, nos tempos que correm, com a crise que enfrentamos, não faz sentido endividarmo-nos por investimento que não gera emprego.

Manuela Ferreira Leite alerta o eleitor para o mau gestor e para o mau político. O gestor e o político que se endividam por obra que não traz nova riqueza e que não gera novos empregos. Acautela, como, aliás, também já o fez o senhor Presidente da República, para a urgente e inadiável necessidade de investirmos bem, sob pena de hipotecarmos o futuro de Portugal.

Posto o discurso da líder do PSD e as sábias palavras do senhor Presidente da República custa olhar para os autarcas PSD que se endividam com avultados empréstimos à Caixa Geral de Depósitos para gastarem em rotundas, silos e relvados sintéticos, tudo investimento que não gera emprego e que não é reprodutivo.

Os mesmos autarcas que, mesmo vendo o desemprego local a subir em flecha, continuam a ignorar o investimento que gera emprego e a não dar resposta à inexistência de novos espaços industriais na periferia da cidade. Da mesma forma que têm como secundário o investimento em educação, que se sabe de futuro e reprodutivo.

Autarcas que sabendo para breve o julgamento eleitoral gastarão milhares, em tempo que é de crise, com artistas, festas e romarias várias, sempre fieis ao lema de que o povo é burro e se basta com pão e circo.

Estes autarcas de que falo parecem PSD apenas de nome, porque de prática não vejo como. Não vejo como é que a líder do PSD pode pedir para si o voto nas legislativas com o argumento de que o actual primeiro-ministro gasta mal o dinheiro de todos nós e ao mesmo tempo defender candidaturas do seu partido às autarquias locais que outra coisa não fizeram do que gastar o nosso dinheiro em investimentos megalómanos, que não são de futuro e que, pior do que isso, não geram emprego. Que, no fundo, gastaram o nosso dinheiro completamente ao arrepio daquilo que ela, líder do PSD, defende.

Infelizmente para a política nacional e para a necessidade de interesse de todos que a mesma deve suscitar e merecer, em breve, acho que vamos confirmar que este PSD, tal como o seu irmão gémeo PS, tem dois discursos. O discurso do poder e o da oposição. E no meio de tudo é o nosso dinheiro que vai continuar a ser mal gasto, seja a vitória de uns ou de outros, porque o que verdadeiramente conta e distingue é o poder e a oposição. 

Luís Lagos
Vice-presidente do CDS de OHP

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