As autarquias da região do Dão consideram que a nova barragem de Fagilde continua a ser uma prioridade para resolver a questão da seca e falta de água naquela área. Esta é a convicção dos autarcas de Mangualde, Nelas, Penalva do Castelo e Sátão. Mas Viseu pediu a adesão à Águas do Douro e Paiva, porque, segundo o autarca do PSD Fernando Ruas, é o sistema “mais barato do país” e pode assegurar o abastecimento em alta para Viseu. Esta atitude pode colocar em causa a constituição de uma empresa intermunicipal das Águas da Região de Viseu, até porque Satão também se prepara para seguir o mesmo caminho.
A CM de Mangualde já garantiu que não vai pedir a adesão à Águas do Douro e Paiva. O presidente daquela autarquia, o socialista Marco Almeida, entende que a melhor solução para resolver o problema da seca continua a ser a empresa intermunicipal e a nova barragem. “Não vemos quaisquer motivos para aderir a outro sistema, nem se coloca de todo alguma hipótese alternativa àquela que foi trabalhada durante vários anos pelos municípios e que levou à elaboração de um estudo que foi aceite por todos eles, aprovado e assinado”, afirmou, citado pelo Jornal do Centro.
O autarca espera também que, mesmo com a adesão de Viseu à Águas do Douro e Paiva, a empresa intermunicipal não caia por terra. Caso contrário, diz, o compromisso assumido pelos municípios pode estar em causa. “Quero acreditar que haja futuro porque, se não houver, há a quebra de um compromisso assumido por alguns dos municípios e quero acreditar que isso não venha a acontecer. Senão, vai ser grave”, alerta lembrando que as autarquias pagaram pelos estudos elaborados no âmbito do projecto e que já houve terrenos expropriados para a construção da nova barragem.
Também o presidente da autarquia de Penalva do Castelo, Francisco Carvalho, defende que é preciso não deixar cair a empresa intermunicipal para que a nova barragem seja uma realidade. “Se não fizermos a empresa intermunicipal, a APA e o Governo não construirão a nova barragem de Fagilde e esse é o nosso objectivo desde a primeira hora, pressionando o Governo e a APA para a construção desta infra-estrutura que vem resolver o problema dos municípios”, diz.
O presidente da autarquia de Nelas insiste na construção de uma nova barragem na região e diz que nem quer ouvir falar do fim da empresa intermunicipal. “Com a solução agora avançada, os municípios poderão também ter aqui um outro caminho, embora sem perder de vista a empresa intermunicipal que não se pode perder e o foco na nova barragem que resolverá seguramente os problemas da região”, frisa.
Joaquim Amaral também acredita que todos ganhavam se fosse a empresa intermunicipal a negociar a entrada no sistema alternativo do Douro e Paiva. “Se a negociação fosse feita pela empresa, teria uma força negocial superior em relação às negociações concelho a concelho e nós defendemos a questão da escala que podia ter sido mais salvaguardada neste processo”, conclui.