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Oposição à extinção de freguesias dominou assinatura de acordos em Vila Franca da Beira

 

Situa-se na casa dos 150 mil Euros o montante, ontem, acordado entre a Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, a Junta de Freguesia de Vila Franca da Beira e coletividades no âmbito da assinatura de acordos de cooperação que teve lugar na sede da União Desportiva e Tuna Vilafranquense. Daquele valor, 19.100 Euros dizem respeito à verba atribuída em 2012 para obras e intervenções no âmbito do protocolo de apoio às freguesias, 6.423,26 Euros para apoio às coletividades da freguesia e um total de 128. 649 Euros relativos à construção de sanitários públicos, requalificação da rua da Quelha e construção do parque infantil na Escola Primária. Obras que satisfazem o presidente da Junta de Freguesia de Vila Franca da Beira, mas que não suprem tudo aquilo que a localidade necessita.

“Mais ainda há para fazer”, afirmou ontem João Dinis sem no entanto deixar de reconhecer o trabalho que tem sido feito em Vila Franca da Beira decorrente do “relacionamento salutar e amistoso” com o presidente da Câmara – “é o ervedalense mais vilafranquense”, gracejou – e da generosidade de António Lopes. “Não teria sido possível fazer o que está feito”, verificou o presidente da Junta de Freguesia, revelando-se porém preocupado com uma obra maior que “é necessária” e que respeita à instituição de toda a rede de água e saneamento básico. “ Há anos que passou da validade”, registou, falando também da necessidade de requalificação do largo em frente à capela.

Necessidades para uma população que no presente se vê a braços com a ameaça de extinção da freguesia, mas que garante não estar disponível para baixar os braços. “Nós temos o dever de defender a nossa freguesia”, afirmou João Dinis, falando da necessidade de levar por diante a ambição daqueles que, há 24 anos, lutaram pela constituição da freguesia de Vila Franca da Beira. “Sem freguesia não seria possível continuar com esta obra, porque somos nós os primeiros a falar e a decidir”, notou o autarca que, em caso de extinção de freguesia, já advinha um retrocesso na qualidade de vida dos vilafranquenses.

Conhecido por, desde a primeira hora, não aceitar ser “coveiro e matador” da freguesia, João Dinis entende que o governo “não tem legitimidade” para “tirar esse direito” aos vilafranquenses, dado que nunca votaram por um partido que lhes tivesse dito “votem que nós acabamos com a freguesia”. “Eles calçaram uma bota e não sabem como a vão descalçar”, verifica o presidente de Vila Franca da Beira que aprecia o posicionamento da Câmara e Assembleia Municipal contra a extinção de freguesia – “esta é mais uma altura para lhes agradecer”, referiu – e dá conta da disponibilidade dos vilafranquenses para endurecerem a luta. “Provavelmente será necessário ir a outro lado e lá estaremos. Vamos defender aquilo que é nosso, a nossa freguesia e os nossos direitos, enquanto vilafranquenses e portugueses”, registou o autarca que em jeito de aviso, referiu: “podem acabar com a freguesia, mas não acabam connosco”.

“Porque é que não acabam com metade dos deputados da nação?”

A interrogação foi, entretanto, lançada pelo presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital que, ontem, se voltou a opor à extinção de qualquer freguesia, rejeitando que a lei recentemente aprovado tenha que ser aplicada por quem nem com ela colaborou.

José Carlos Alexandrino voltou a dizer que continua sem encontrar uma razão que justifique a extinção, pelo que não está disponível para mudar o seu posicionamento em, relação àquela matéria, mesmo que isso implique perder as próximas eleições autárquicas. “Sairei feliz porque serei honesto”, garantiu.

Em matéria do trabalho feito em Vila Franca da Beira, o autarca concordou com João Dinis, na certeza de que muito mais há ainda para fazer. Alexandrino reportou-se diretamente a um investimento previsto de 800 mil Euros para substituição da rede de água e saneamento mas que está dependente de financiamento comunitário, com a agravante de o QREN se encontrar “parado”.

Na Cordinha, Alexandrino não evitou o tema da zona Industrial e em particular da falta de empresas naquele local, para referir que a Câmara Municipal não pode ser responsabilizada por aquele facto que está diretamente relacionado com a crise que afeta o país. “Temos três projetos e acreditamos que alguns se instalem durante o nosso mandato, mas outros não se instalam porque os empresário chegam aos bancos e não conseguem empréstimos”, notou. Uma realidade que o autarca espera contornar na Zona Industrial da cidade, onde o município vai disponibilizar um pavilhão. “Sinto que é preciso uma dinâmica própria”, referiu.

Aproveitando a efeméride – dia de Portugal, Camões e Comunidades Portuguesas – o vice-presidente da Câmara oliveirense também reiterou a sua defesa pela continuidade da freguesia de Vila Franca da Beira. “Vila Franca da Beira tem direito a manter a sua identidade” e de “ gritar e dizer firmemente que quer manter a freguesia”, referiu José Francisco Rolo, registando também que no que respeita à assinatura dos acordos, a Câmara que “cada vez tem menos para distribuir e mais gente a pedir” não faz favor nenhum. “Temos que premiar quem trabalha e nesta terra trabalha-se e leva-se longe o nome de Oliveira do Hospital”, notou.

Na freguesia onde, ontem, foi objeto de sentida homenagem, António Lopes louvou o modo como hoje a Câmara Municipal lida com as Juntas de Freguesia – “hoje é dado a todos por igual”, frisou – e disse fazer questão que o PS cumpra o programa com que se apresentou em campanha em cada uma das 21 freguesias.

Em matéria de extinção de freguesias, o presidente da Assembleia Municipal entende estar em face de um “problema” que espera vir a resolver. Para o efeito, António Lopes inicia hoje uma semana de trabalho próximo de cada freguesia, com o objetivo de ouvir as suas preocupações e assim promover um debate alargado sobre o tema. Desconhecendo-se ainda o desfecho deste processo no concelho de Oliveira do Hospital, o presidente da Assembleia Municipal não deixa de olhar com desconfiança para o artigo 15º da lei, com a certeza de que “mesmo que a Assembleia Municipal de pronuncie o resultado será sempre o mesmo”.

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