Home - Desporto - “Os nossos objectivos passam pela manutenção na Proliga, pelo aumento do número de jovens praticantes e por manter uma formação de qualidade”

“Os nossos objectivos passam pela manutenção na Proliga, pelo aumento do número de jovens praticantes e por manter uma formação de qualidade”

Sónia Veloso lidera o Sampanense Basket, um clube do concelho de Oliveira do Hospital que disputa a Proliga

“A força do interior”, eis o lema do Sampaense Basket, um clube de Oliveira do Hospital, que disputa o segundo escalão do basquetebol nacional, a Proliga. À frente da direcção da colectividade está Sónia Veloso que acaba de tomar posse para um segundo mandato que se estende até 2025. A presidente fala nas dificuldades de um clube do interior competir a nível nacional e aponta como grandes objectivos do seu mandato: a manutenção da equipa sénior na Proliga e uma forte aposta na formação. “Vamos procurar continuar nas provas nacionais e apostar em técnicos de qualidade para uma formação de qualidade”, conta.

CBS – Quais são os grandes objectivos deste novo mandato?

Sónia Veloso – O grande objectivo da equipa sénior é a manutenção na Proliga. Infelizmente estamos no interior o que aumenta as despesas e diminui as ajudas. Não podemos pedir mais. E mesmo assim temos realizado um trabalho enorme na angariação de patrocínios e contamos ainda com um forte apoio do município. Mas é impossível ter orçamentos compatíveis com os dos nossos adversários provenientes dos grandes meios urbanos e do litoral. Outro objectivo passa por aumentar o número de atletas nas camadas jovens e por dar um novo impulso ao basquetebol feminino que esta época regressou ao clube depois de alguns anos de ausência. E manter a qualidade na formação.

Ser do interior é uma desvantagem?

Claro. Em quase todos os aspectos. Até a captação de jogadores é muito mais complicada. Muitas vezes preferem ganhar menos e ficar nas grandes cidades. Depois temos o problema das deslocações que são sempre enormes e nunca custam menos de 500 euros. Nesta primeira fase vamos jogar a zona Norte, mas depois defrontamos os clubes da zona Sul e, aí, podemos ter de ir aos Açores ou à Madeira, o que se torna incomportável. É complicado. Mas vamos em frente com o nosso lema: “A força do interior”. Afinal, temos a responsabilidade de ser o clube mais representativo do concelho. Disputamos a segunda Divisão Nacional, a Proliga. Acima só há a Liga.

É impossível uma equipa do interior chegar à Liga?

Impossível não é. O Sampaense já disputou a primeira Liga. Mas actualmente é muito complicado. Um clube do interior vive uma realidade completamente diferente dos seus congéneres do litoral. São orçamentos díspares e não lhes conseguimos bater o pé, como não temos grande força perante a Federação. E se no passado, o Sampaense tinha um grande benemérito que era o senhor Comendador Serafim Marques, agora não tem, infelizmente ele já não está entre nós e sente-se a sua falta. E as despesas dispararam significativamente. Só do ano passado para este ano, por exemplo, os seguros desportivos do basquetebol de todos os escalões aumentaram entre os 70 e os 85 por cento. É incomportável.

A Federação Portuguesa de Basquetebol não ajuda os clubes dos territórios de baixa densidade?

Não ajuda em nada. A Federação devia levar isso em linha de conta, mas não está nos seus planos. Tem um programa que é o Valorizar, mas pouco mais do que isso. Nós é que pagamos à Federação para competir a este nível. E não é tão pouco quanto isso. Para nós tudo fica mais caro…

Uma das apostas da sua direcção é a formação?

Sim, nestes últimos dois anos, o número de atletas na formação aumentou significativamente. Pela primeira vez na história do Sampaense tivemos o certificado de minibasquete, ou seja, estamos classificados como escola nacional de minibasquete. É algo de muito importante e que nos deixa orgulhosos. Uma das nossas apostas é ter técnicos de qualidade para que a formação seja exemplar.

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Esta época vamos ter mais dois escalões jovens a competir, sendo que a competição é muito importante, embora o nosso lema seja primeiro formar e depois competir. O basquetebol feminino também regressa ao clube com uma equipa feminina sub-16 e passa a existir uma outra equipa no escalão sub-12. Ambas vão entrar nas competições distritais. Este é o resultado do trabalho de divulgação que temos efectuado. Estivemos na feira do queijo, na zona histórica e nas escolas. Esta dinâmica de divulgação e captação de novos atletas é para manter.

Quantos atletas têm nas camadas jovens?

No ano passado tínhamos cerca de 80. Este ano teremos mais, mas não lhe posso precisar o número exacto. Mas haverá um aumento, até pelo regresso do basquetebol feminino. Tínhamos aqui algumas jovens para as quais o basquete iria acabar, porque a partir dos sub-16 ou existe equipa feminina ou não podem competir, porque deixam de haver equipas mistas. Temos cerca de 20 meninas, entre as que se encontram nesta equipa e no minibasquete. É um número apreciável já que quando aqui chegamos em 2021 não havia nenhuma.

A formação consegue sustentar a formação sénior?

Gostávamos que isso fosse possível, mas não é. Além de todos os problemas, os jovens também têm de prosseguir o seu futuro e quando chegam aos 18 anos vão estudar para fora e deixam o clube. Ainda assim, temos alguns jogadores que são da nossa formação. Este ano foram promovidos o Guilherme Silva, 16 anos, que ainda é sub.18 de primeiro ano e atleta da nossa formação desde os sub-6, o Daniel Roque, de 17 anos e o João Almeida que tem 18 anos. É sempre um orgulho para o Sampaense Basket ter a possibilidade de integrar na primeira equipa jovens da formação. Esta é também uma forma de estimular os restantes jovens a praticarem a modalidade, porque lhes mostra que podem chegar ao topo. No total, o plantel tem quatro jogadores que foram formados aqui. É um orgulho enorme.

Em termos de infra-estruturas, o pavilhão é suficiente para albergar os treinos de todos os escalões?

Começa a ser demasiado curto. Tem sido fácil de gerir, mas agora está a ficar complicado. Este ano, o nosso coordenador fez um trabalho notável para acomodar todos os treinos e jogos aqui no nosso pavilhão. Mas se continuarmos com este crescimento temos de encontrar soluções. Mas nós gostamos de ter esse problema. É sinal que estamos a crescer. O que queremos é que os jovens venham jogar basquete.

Depois deste mandato pretende continuar à frente do clube?

Não [risos]. Este será o último. Temos de dar oportunidade a outros. Este é um cargo muito desgastante e sinto que o voluntariado é cada vez mais escasso. As pessoas não querem abdicar do pouco tempo livre que têm. Porém, quero acreditar que em 2025 vai surgir uma nova equipa dirigente, com novas ideias. Faz parte da evolução do clube. Eu tenho de agradecer aos directores que me acompanham e acompanharam. Somos poucos, mas esses poucos fazem muito. Também, tenho de agradecer, o trabalho desenvolvido pelo Cláudio Figueiredo que é o treinador da equipa sénior e, ao mesmo tempo, coordenador de toda a formação. É uma pessoa que está ligada a esta instituição há mais de 30 anos e está por dentro de tudo. Tem sido uma ajuda preciosa.

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