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Mário Alves está em estado considerado muito grave. Continua ligado ao aparelho, mas apesar do seu estado vegetativo há quem diga que o homem tem sete vidas.

Para bons entendedores…

Sempre ouvi dizer que há coisas que o dinheiro não compra – como a saúde –, mas quando esse dinheiro é do erário público, até um cadáver político pode ser ressuscitado.

Muitos têm tentado a eutanásia – que o diga José Carlos Mendes, que passa a vida a praguejar contra as máquinas partidárias –, mas o coração de Alves, apesar das muitas arritmias, continua a bater.

Nunca acreditei que essa coisa do vil metal pudesse restituir a saúde política a quem tanta falta dela tem. Mas, pelo que vejo, os laboratórios de investigação política da câmara municipal têm feito descobertas verdadeiramente deslumbrantes. Chegam-me, por exemplo, notícias de que algumas cobaias, só por cheirarem o vil metal, sofrem profundas transformações comportamentais. Face a tais descobertas, estou certo que se Aldous Huxley fosse vivo, não resistiria a mudar o título do seu best-seller “Admirável Mundo Novo” para “Inimaginável Mundo Novo”.

Mas como as espécies políticas locais estão sempre em evolução, já nada me admira. Ainda há dias, uma andorinha que na Primavera regressou ao ninho da minha varanda, confidenciou-me que vai cá ficar mais quatro anos… porque…porque… porque trocou a sua liberdade pela estabilidade do ninho. Armou-se em gaivota estúpida, dizendo-me que “o que importa não é saber voar, mas comer”.

Ignorou ela que Fernão Capelo Gaivota, nesse magnífico livro de Richard Bach, “descobriu que o tédio, o medo e a ira são as razões porque a vida de uma gaivota é tão curta, e sem estas razões a perturbarem-lhe o pensamento, vivem de facto uma vida longa e feliz”.

São coisas simples, e como diria o Fernão para as outras gaivotas, “cada um de nós é na realidade uma ideia da Grande Gaivota, uma ideia da liberdade”.

Só que esse Fernão – é importante que se diga – “esqueceu-se do mundo onde vivia, aquele local onde o Bando vivia com os olhos completamente cerrados em relação ao prazer de voar, utilizando as asas como meros meios para atingir o fim de procurar e lutar pela comida”.

henriquebarreto@correiodabeiraserra.com

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