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Sentimento de Insegurança

Contam-se por três dedos de uma só mão, os militares ao serviço do posto da GNR de Oliveira do Hospital por cada turno. No final de 24 horas, o posto local teve ao serviço 9 militares.

O número é manifestamente insuficiente e basta um olhar para os concelhos vizinhos para que a diferença salte à vista. Numa análise pormenorizada à realidade concelhia, o Correio da Beira Serra deparou-se com um posto local da GNR composto por 16 efectivos, apoiados por três viaturas e uma scooter. É esta equipa policial que tem a seu cargo um território dividido em 21 freguesias, ocupado por cerca de 22 mil habitantes numa área que ascende aos 234 quilómetros quadrados. Mesmo aqui ao lado, no concelho de Arganil, repete-se o número de efectivos num único posto da GNR, que tem a seu cargo uma população de apenas 13 623 habitantes, distribuída por 18 freguesias numa área de 332 km2. Com menos 8 500 habitantes, Arganil prepara-se para acolher um Destacamento Territorial da GNR, que resulta da desagregação do actual da Lousã, devendo ser constituído pelos concelhos de Arganil, Oliveira do Hospital, Tábua e Góis. Ainda sem data prevista para a sua instalação, o futuro Destacamento promete um reforço de efectivos no concelho que o acolhe, bem como das operações de policiamento.

Com menor número de habitantes (12 602), de freguesias (15) e uma área mais reduzida (199,8 Km2), o concelho de Tábua supera Oliveira do Hospital e Arganil ao contar com um total de 17 efectivos.

Sem que haja uma argumentação lógica que explique a disparidade dos números apresentados, a verdade é que a diferença tende a ser maior, quando se lança o olhar pelos vizinhos concelhos de Seia e Gouveia, onde o número de efectivos é de 50 e 27, respectivamente. Por estes municípios ainda afectos ao Destacamento Territorial de Gouveia, o número de postos da GNR chega até a triplicar, permitindo uma maior proximidade entre população e forças de segurança.

Em Seia, os postos localizam-se na cidade (31 efectivos), Loriga (8) e em Paranhos da Beira (11), aguardando-se também a instalação de um Destacamento Territorial da GNR que deverá abranger ainda o concelho de Manteigas. Tome-se em linha de conta que as cinco dezenas de efectivos têm a seu cargo apenas mais seis mil habitantes, num total de 29 freguesias e uma área de 436 km2, que os vizinhos de Oliveira do Hospital.

Mesmo ao lado, o concelho de Gouveia dispõe de dois postos, um na cidade e outro em Vila Nova de Tazém, com 21 e 6 militares efectivos, respectivamente. Ainda sob o olhar atento de 31 agentes da PSP, também localizada na cidade, Gouveia conta com 16 122 habitantes – menos seis mil que Oliveira do Hospital – num total de 22 freguesias e uma área de 300,6 Km2.

Sobra a solidariedade e faltam acções de patrulhamento

Os “interesses políticos” são comummente apontados como os responsáveis da maior ou menor protecção de um território em matéria policial. Não sendo assim, como é que se explica que um concelho como Oliveira do Hospital se arraste com um único posto da GNR e um contingente de apenas 16 efectivos, acabando por ser ultrapassado por Tábua cuja sede de concelho é apenas uma Vila?

Numa área cada vez mais sensível em que os números chegam a assustar – o último relatório da Segurança Interna dá conta de um aumento de 11 por cento em matéria de criminalidade violenta – o que vai valendo ao posto de Oliveira do Hospital é o valor da solidariedade.

A boa relação entre os postos vizinhos é uma mais valia para uma força de segurança que dá sinais de fragilidade. Tome-se o exemplo do sequestro em Lagares da Beira, em que os três efectivos de serviço se revelaram insuficientes face à perigosidade do caso.

O próprio responsável pelo Destacamento da Lousã identifica falhas no apetrechamento humano do posto oliveirense. Desafiado a comentar e comparar as realidades dos vários concelhos, Armando Videira referiu que “a conclusão é óbvia”, considerando que “o ideal era haver mais militares”. “Temos que nos arranjar com os efectivos que temos”, referiu ao CBS, dando conta de que – tal como já tinha sido dito a este jornal pelo seu antecessor – está a ser aguardado um reforço de efectivos em Oliveira do Hospital. Videira destacou ainda que a situação tenderá a melhorar com a instalação do Destacamento Territorial em Arganil.

Directamente proporcional ao reduzido número de efectivos, está também a quase inexistente actividade de patrulhamento em território concelhio. O trabalho de secretaria e o excesso de burocracia interna limitam a actuação dos três militares da Guarda que, até aqui, também se viam limitados em matéria do combustível usado pelas viaturas de serviço. O CBS sabe que o desejável seria retirar os efectivos do quartel e colocá-los nas ruas, mas tal só acontecerá quando aumentarem os recursos humanos ao serviço do posto comandado por Coelho Moura. Sem data prevista para que isso aconteça, assiste-se ao aumento – a comprovar pelos últimos acontecimentos – do número de assaltos a lojas comerciais, espaços religiosos, furto de viaturas e outros crimes.

Tome-se contudo em consideração que, no início deste ano, o presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital desvalorizou a conquista de Arganil no que respeita ao Destacamento Territorial, chegando a considerar tratar-se de “uma questão relativa” com a qual não estava “absolutamente nada preocupado”. Já o presidente da Câmara de Seia não escondeu o regozijo pela meta alcançada, frisando tratar-se de “uma reivindicação” que a equipa que o acompanha vinha fazendo há já muito tempo.

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