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Preocupações dominaram na comemoração dos 20 anos da Eptoliva

 

A Casa da Cultura César Oliveira, em Oliveira do Hospital, encheu-se esta tarde para assinalar duas décadas de atividade da Eptoliva – Escola Profissional de Tábua, Oliveira do Hospital e Arganil.

Em dia de comemoração da efeméride, em que não faltaram palavras sentidas e de apreço dirigidas ao falecido autarca oliveirense César Oliveira e à primeira diretora da escola Maria Antónia Matos, foram contudo evidentes as preocupações sentidas pelos que atualmente gerem os destinos da escola que, desde há 20 anos, assegura o ensino profissional no concelho.

“Nem tudo tem sido um mar de rosas”, afirmou o diretor executivo da Eptoliva, momentos após ter feito um balanço positivo do percurso trilhado pela escola, de “dedicação à educação e formação integral dos alunos”, proporcionando-lhes “sólida formação, capaz de os preparar para a vida ativa”.

Rogério Prazeres, que destacou a evolução da escola – “num mundo global” tem proporcionado estágios aos alunos em Itália e Espanha, especificou – e a abertura ao exterior contando com 31 alunos de S. Tomé e Príncipe – “estão totalmente integrados”, frisou – não escondeu os “espinhos” que afrontam a escola, em particular o da “disputa” com o ensino secundário.

Ainda que tenha feito questão de vincar as boas relações que a Eptoliva mantém com as restantes escolas concelhias, o responsável executivo daquele estabelecimento de ensino alertou para o decréscimo do número de alunos.

A criação dos mega agrupamentos de escolas a inexistência “em alguns concelhos” de uma rede escolar consensual, foram outras das adversidades a que Rogério Prazeres se referiu e que, na sua opinião, “colocam em risco as escolas profissionais e não favorecem os interesses dos empregadores locais”.

Na presença da nova diretora regional de educação do Centro, natural do concelho de Oliveira do Hospital, Prazeres alertou ainda aquela dirigente para as burocracias que são exigidas às escolas profissionais, em matéria de autorização de abertura de um qualquer curso. Situação que, como referiu, não é exigível ao nível das secundárias.

“Pelo princípio da equidade, todos deveriam estar sujeitos às mesmas regras”, observou.

“Sopram ventos que nos atormentam e colocam em risco o futuro desta escola por onde já passaram 800 alunos”, fez ainda questão de avisar, confiante porém de que a comunidade educativa da Eptoliva “tudo fará para perpetuar no tempo o ensino profissional e dotar os alunos de formação qualificada”.

“Não precisamos de ter formação para encher o olho, precisamos que as escolas tenham ensino de qualidade”

Fazendo questão de prestar homenagem a “todos os diretores e pessoas que passaram pela escola” – “César Oliveira e Maria Antónia Matos tiveram uma visão muito à frente em relação ao concelho”, referiu – o presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital destacou o “bom trabalho” desenvolvido nos 20 anos de Eptoliva.

“Encontro pessoas no Minho e no Algarve que me dizem que passaram pela Eptoliva e, assim, percebemos a importância que a escola teve nas suas vidas”, observou José Carlos Alexandrino que também se revelou receoso quanto ao futuro da escola no seio de uma “sociedade completamente desestruturada”, onde “os políticos estão muitas vezes ao serviço dos mercados financeiros e não das pessoas”.

O autarca referiu em concreto o fim do fundo social europeu previsto para 2015 e interrogou-se sobre o futuro modelo financeiro associado ao ensino profissional.

Partilhou igualmente da preocupação do diretor executivo no que respeita à oferta formativa concelhia, verificando que “há necessidade de equilíbrio” entre as várias escolas. “Começa a haver atropelos na conquista de novos alunos”, denunciou o autarca que entende que, neste domínio, a Direção Regional de Educação do Centro deve ser “mediadora” para que o “ensino profissional não sirva apenas para as estatísticas e seja capaz de servir pessoas”.

“Não precisamos de ter formação para encher o olho, precisamos que as escolas tenham ensino de qualidade”, continuou Alexandrino, defendendo ainda que as escolas proporcionem aos alunos algo que considera fundamental e que é a “competitividade”.

“Deve-se olhar para o ensino profissional como uma escolha positiva”

Numa cerimónia onde o vice-presidente da Câmara Municipal de Tábua, Mário Loureiro, elogiou o percurso efetuado pela escola – “é um orgulho olhar para trás e ver que nos 20 anos foi feito um trabalho de mérito”, frisou – e destacou a importância que a escola tem “para esta região do país”, também as palavras da diretora regional de educação serviram de estímulo aos promotores do ensino profissional em Oliveira do Hospital, Tábua e Arganil.

“A Direção Regional vai apostar muito na formação profissional”, afirmou Cristina Oliveira valorizando a prática do ensino profissional, que “possibilita uma maior aproximação da escola com o mundo do trabalho”.

A responsável pela educação na região Centro veio ainda a Oliveira do Hospital lamentar que as ofertas formativas profissionalizantes “ainda sofram o estigma da discriminação” , porque a sociedade portuguesa “ainda se refugia nas educações formais”.

Numa intervenção claramente a favor das vias de ensino mais profissionalizantes, Cristina Oliveira veio ainda dizer que “se deve olhar para o ensino profissional como uma escolha positiva e não uma segunda escolha”.

Em dia de aniversário, a escola que conta no seu corpo discente com 31 alunos de S. Tomé e Príncipe recebeu a visita do 1º secretário da Embaixada daquele país, que reiterou as intenções de dar continuidade às parcerias até aqui estabelecidas.

“S. Tomé é um país subdesenvolvido, em vias de desenvolvimento, e que muito precisa de apoios como este, ao nível da formação profissional”, referiu Alcínio Silva.

Para além de comemorar 20 anos de ensino profissional, a Adeptoliva, presidida por Artur Abreu, fez ainda questão de prestar homenagem pública a duas funcionárias que, desde 1991, continuam a fazer parte do projeto educativo.

Os 20 anos da Eptoliva vão continuar a ser evocados ao longo do presente ano letivo. Previstas estão 20 atividades para comemorar a efeméride.

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