O pedido inicial de apoio da Fábrica da Igreja Paroquial de Oliveira do Hospital à Câmara Municipal no contexto da COVID-19 que terminou com a atribuição de um subsídio de 6600 euros às paróquias assistidas por três padres era inicialmente de oito mil euros e incluía mais um pároco. O apoio, porém, foi aprovado, com o voto contra da vereadora do PSD, apenas para as paróquias dos padres António Loureiro, Paulo Filipe e Rodolfo Albuquerque, excluindo o padre António Borges de Carvalho que, segundo o Anuário Católico, aos 80 anos, é pároco nas localidades oliveirenses de São Paio de Gramaços e Santa Ovaia.
O pedido (que se encontra aqui reproduzido e que surgiu com a data de 2019) em rigor não especifica qual o destino que será dado à verba, limitando-se a falar genericamente das dificuldades financeiras causadas pela COVID-19, ampliada pela impossibilidade da realização da visita pascal aos fiéis. Nestes termos, o PSD entendeu que se tratava de um apoio financeiro directo aos padres. “Dada a difícil situação económica que vivem as nossas paróquias, em que para mais este ano não houve a visita pascal, tradicional fonte de receitas para todo o ano, venho solicitar um subsídio de 8000 euros, a serem distribuídos como apoio, em partes proporcionais, pelas paróquias do nosso concelho, assistidas pelos padres António Loureiro, Paulo Filipe, Rodolfo Albuquerque e António Borges”, pode-se ler no pedido efectuado pela Fábrica da Igreja, que solicitou ainda apoio logístico para o “retomar do culto público”.
Vereadora do PSD terá considerado que se tratava de ordenados camuflados
A vereadora do PSD que votou contra recusou-se a prestar declarações ao CBS, mas ao que conseguimos apurar Emília Moreira votou contra por não encontrar naquele pedido especificados os objectivos do destino da verba. “Não concordou e entende que aquilo é uma forma de fornecer um ordenado camuflado aos padres”, referiu uma fonte próxima da autarca social-democrata, adiantando que o executivo PS na reunião de Câmara seguinte “alterou na acta os pressupostos do subsídio aprovado, referindo que se destinava a pagar a luz e outros custos, mais uma vez perante o protesto e voto contra da vereadora do PSD”.
Padre Paulo admitiu falar com Bispo para sair
A polémica começou, recorde-se, a 17 de Maio, quatro dias antes do pedido, quando o presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital durante a celebração da Eucaristia Dominical em Ervedal da Beira, subiu ao altar e utilizou da palavra, acabando por fazer um discurso, tendo sido acusado de utilizar a igreja para fazer propaganda política. O padre Paulo, um dos que alegadamente vai beneficiar do subsídio, e responsável por aquela missa, sabe o CBS, chegou a transmitir a, pelo menos, um dos críticos daquela acção que não fazia fretes políticos e admitia pedir a transferência. “Não faço fretes políticos… Mas eu próprio me vou encarregar de falar com o sr. Bispo e pedir a minha saída”, disse. O CBS sabe também que há membros da igreja que não se encontram cómodos com toda esta polémica.