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Comerciantes aguardam expectantes por requalificação do Mercado Municipal

 

… do espaço onde, de ano para ano, o negócio tem caído a olhos vistos.

Não fossem as longas bancadas vazias e a resistência da comerciante de frutas e legumes e das duas bancas de peixe, e o mercado de Oliveira do Hospital há muito que não seria digno desse nome. Uma realidade visível nas manhãs de segunda a quinta-feira e que se compõe à sexta e sábado com a presença da banca de pão e de alguns produtores locais que ali acorrem para escoar as colheitas próprias. Uma vez por mês, o espaço ainda chega a recuperar o fôlego com a mostra de produtos biológicos “da Nossa Terra”, visitada por vários oliveirenses e estrangeiros residentes no concelho e na região.

Uma realidade que os comerciantes esperam que venha a ser alterada com a prometida requalificação que, acreditam, venha a acontecer em breve. Em causa está uma obra – também inclui a estação de camionagem – de cerca de um milhão de Euros que já deveria ter arrancado, conforme previsões inicialmente apontadas pela Câmara Municipal, em dezembro de 2012. Em meados de janeiro, os trabalhos ainda não são visíveis no local, verificando-se porém movimentações no espaço da antiga renualt, localizado nas imediações, onde o mercado vai funcionar  de forma provisória até à conclusão da obra de requalificação.

À espera de recuperar o mercado de outros tempos

“Há muito tempo que esperamos por isto”, confessou esta manhã ao correiodabeiraserra.com a comerciante que, dia após dia, mantém ativa a banca onde, desde 1989, vende frutas e legumes frescos. Única no mercado de segunda a quinta -feira, Maria Alice Cruz destaca a necessidade de o espaço ser mais atrativo para chamar os clientes que, nos últimos tempos, têm andado arredados do mercado.

“Chover não chove e o frio também se aguenta, mas isto precisa de ser modernizado”, conta a comerciante que ainda se lembra do tempo em que “o mercado era mercado”. “Havia muita diversidade”, recorda, contando que no interior do mercado chegaram a existir três talhos e comerciantes de roupas, malas, peças de artesanato e pão diariamente.

“Hoje só há banca de pão ao fim de semana”, lamenta a comerciante, por entender que quanto maior variedade de produtos existir, mais atrativo se torna o mercado. A ajudar à festa continua porém a resistência das duas bancas de peixe que se mantêm ativas no mercado praticamente desde a sua abertura, há cerca de 30 anos. Maria Lucília Mendes, com 67 anos, já passou quase metade da vida por trás de uma das bancas de peixe. “Estou aqui já vai para 30 anos”, conta, lamentando que o mercado não tenha sabido acompanhar os tempos, acabando por perder movimento.

Uma realidade que, recorda, teve início com a abertura das grandes superfícies e piorou com a mudança do espaço da feira para a zona junto ao cemitério. “As pessoas perderam o hábito de vir ao mercado”, refere, notando também a reduzida atratibilidade do espaço que chega a ser “gélido” em dias de inverno.

A confiança que ao longo dos anos têm depositado nos poucos comerciantes e nos produtos que ali compram é o que ainda vai valendo ao mercado municipal de Oliveira do Hospital. “Venho pelo menos uma vez por semana”, referiu a este diário digital Carlos Antunes, habitante de Santa Ovaia, que esta manhã acorreu ao mercado com a esposa e o filho ainda pequeno, para comprar peixe e fruta. “Gosto de vir aqui”, confessou. Sentimento também partilhado por Maria Lucília Brito que garante só não acorrer mais vezes ao mercado pelo facto de morar em Ervedal Beira. Contudo, garante que todas as vezes que se desloca à cidade faz questão de ir ao mercado comprar frutas e legumes.

“Passamos o dia a olhar uns para os outros”

À espera de melhores dias também se encontram os poucos lojistas do mercado que, por vezes, passam os dias “a olhar uns para os outros”. A falta de clientela no interior do mercado é também uma realidade nas poucas lojas ocupadas. É que associado à quebra do consumo decorrente do baixo poder de compra que afeta os portugueses em geral, e os oliveirenses em particular, está a reduzida atratividade do mercado, cuja fachada não esconde a degradação causada pelo passar dos anos.

“Esperamos que as coisas mudem”, disse esperançosa uma lojista, lamentando porém a falta de informação acerca o projeto de requalificação do mercado. “Ao menos que ponham as lojas com maior dimensão e façam casas de banho para os nossos clientes”, referiu, notando que atualmente as lojas são muito pequenas e que os clientes têm que aceder ao interior do mercado para terem acesso às casas de banho. Outra das preocupações prende-se ao nível do regulamento. Entendem os lojistas que os espaços exteriores devem primar pela diversidade de atividades, de modo a evitar a concorrência direta entre comerciantes.

Nas atuais instalações, das sete lojas existentes, apenas quatro estão de portas abertas. Contudo, a mudança para o espaço da antiga Renault até à realização das obras vai-se fazer acompanhar pelo fecho anunciado da loja de artesanato, instalada há 23 anos, no mercado municipal de Oliveira do Hospital. Um encerramento que decorre da redução das vendas e da impossibilidade de a proprietária fazer face às recentes exigências fiscais. “É chegada a hora de fechar”, constata.

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