A Quinta de Palmira Silva e Albano Ribeiro é apenas uma das várias propriedades que nos últimos tempos têm sido fortemente afetadas pelo mau funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais da cidade de Oliveira do Hospital.
Com dois poços nas imediações do Ribeiro de Cavalos, o casal teme pela contaminação das águas e até já se recusa a usar a água que, em tempos corria límpida naquele leito, para dar de beber às dezenas de animais que ainda cria e até para o regadio das várias plantações que vai fazendo. Uma situação que com a chegada da chuva se torna menos penosa para o casal, mas que no período de verão representou uma verdadeira dor de cabeça, com o casal de idosos a não saber o que fazer para regar as batatas, milho e outras plantações.
O caso, que já não é novo e é do conhecimento geral da população e responsáveis autárquicos, foi no início desta semana, objeto de denúncia a este diário digital pelo próprio neto do casal de idosos, que considera inconcebível o modo como os avós e outros populares vizinhos são obrigados a viver.
“Isto é só mastragada”, lamentou esta tarde Filipe Pereira, contando que esta semana o cenário não chega a ser tão dramático, porque as chuvas fortes até têm ajudado à limpeza do leito do estreito ribeiro. “Mas vão haver mais descargas”, avisa o jovem que nos últimos meses se tem visto forçado a limpar o ribeiro e as margens porque os inertes que se vão ali acumulando tornam o ar irrespirável.
A denunciar uma situação facilmente constatável numa visita ao local, Filipe Pereira disse por várias vezes ter sido obrigado a retirar amontoados de papel higiénico e outras matérias que entende constituírem uma ameaça à saúde pública. Segundo contou o jovem, a poluição no Ribeiro de Cavalos já se arrasta há muito tempo, tendo-se tornando “ainda mais dramática” com a entrada em funcionamento da ETAR que, garantiu, “sempre deu problemas”.
“Há dias em que aquilo parece carolos”, referiu também a tia de Filipe Pereira, que disse já ter tido oportunidade de alertar a Câmara para aquele problema, tendo-lhe sido assegurado que a situação estava em processo de resolução. “Afinal continua tudo na mesma”, disse insatisfeita, notando que este cenário se mantém porque acontece “num meio pequeno e ninguém quer saber de nada”.
Ainda que o cenário seja degradante e o cheiro nauseabundo, Filipe Pereira nota que a situação piora nos meses de verão, altura em que o ribeiro leva menos água e as elevadas temperaturas tornam o mau cheiro insuportável. “Não se podia abrir uma janela que eram só melgas a entrar”, conta o jovem que não encontra nenhuma vantagem no investimento que foi feito na construção da nova ETAR da cidade.
“Havia tudo naquele ribeiro e agora não há lá nada”, refere desgostoso, recordando os momentos em que na infância e na companhia da prima apanhava peixes naquela linha de água. “Agora que é deles?”, pergunta Filipe Pereira, ansioso que está para que as entidades responsáveis resolvam a poluição no Ribeiro de Cavalos e devolva a qualidade de vida às populações localizadas nas suas margens.
Contactada por este diário digital acerca desta questão, a Câmara Municipal de Oliveira do Hospital disse ter conhecimento da existência de problemas no funcionamento da ETAR da cidade. Uma situação que, segundo informação também adiantada ao correiodabeiraserra.com, também é do conhecimento da ARH, autoridade responsável pela monitorização da qualidade da água e da empresa Águas do Zêzere e Côa, responsável pelo funcionamento da estrutura.
“A Câmara está descontente com o funcionamento da ETAR de Oliveira do Hospital e já manifestou esse descontentamento junto da empresa AdZC”, adianta a autarquia, garantindo que “tem efetuado diversos contactos no sentido de que sejam efetuadas as correções necessárias ao bom funcionamento do equipamento”