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Fátima “negócios e negociatas” – “Ecce homo !”. Autor: João Dinis, Jano

O Santuário de Fátima e os seus Peregrinos – de todas as motivações e “promessas” – convergem para uma das maiores concentrações humanas – 12/13 de Maio de 2017 – alguma vez verificadas em Portugal. Esta vai para o “guiness”…

Eu cá acredito em Fátima porque vejo lá as Pessoas e acredito nelas. Não acredito em “pastorinhos”…nem em “milagres”…nem em outras estórias que nos contam a propósito…

Fátima existe. Mas existe porque a grande maioria dessas Pessoas tem a sua Fé e os seus dramas e corre por eles para Fátima e para aquilo que, para cada uma delas, Fátima significa a cada momento da sua vida. Sim, as Mulheres e os Homens criam Fátima à sua (deles) imagem e semelhança, e consoante as suas necessidades e aspirações.

Porém, com essas motivações e para esse acto – que são legítimos – quase todos fizeram um prévio “negócio” – a “promessa” mais em concreto – com a Santa:

-“Se me acontecer isto ou aquilo…se for atendida a minha prece…vou a Fátima em peregrinação, a pé ou como mais puder”. Eis a “fórmula” mais usual, eis o conteúdo, digamos que utilitário, mais material que propriamente espiritual, do “crente” em Fátima e nas respectivas “virtudes”.

“Ecce homo!” – direi eu, e escrevo “homo” com h “pequeno” para significar o “homem-humano” e não confundir…

Negócios escandalosos em torno de Fátima e dos seus “produtos”

E surge avassalador, omnipresente, o outro negócio – abjecto e iníquo, dadas as circunstâncias de que se alimenta. Falamos dos custos, especulativos, de: hotéis, pensões e tendas de campismo – de velas e círios – de importâncias em donativos e outros “óbulos” à Santa e que revertem para o Vaticano. E é também o infindável cortejo de “compra-venda” de efígies da Santa e do Papa, de estatuetas, de “santas e santinhos” – de rosários, de cruzes e cruzetas – de quadros, cartazes e panais – de tanta bugiganga mais – tudo subordinado a essa “marca”, patenteada e multinacional, que já é a “marca” Fátima!

Desta vez, o “negócio”, muito temporal, está a ser potenciado pela vinda do Papa. Deste Papa que outros já cá estiveram antes com repercussões semelhantes. Mas deste Papa que surge no Vaticano como um Papa “anti-negociatas” e, particularmente, dentro do seu “instrumento” privilegiado para o efeito, o IOR-Instituto das Obras Religiosas, o “Banco do Vaticano”, que se tem envolvido em sucessivos escândalos financeiros.

Viv´ó “negócio” com Fátima, (re)abençoado pela vinda do Papa !

Governo “laico” com “fé” numa ajuda da Igreja Católica…

O actual Governo PS – talvez para não ficar atrás dos “demo-cristãos” do CDS/PP – supostamente um Governo PS “laico” nos termos da Constituição da República Portuguesa, prostrou-se “de joelhos” perante o peso do Papa Francisco e decretou um dia de “tolerância de ponto” – 12 de Maio – para os Funcionários Públicos poderem ir esperar o Papa (?!…).

A isto se poderá chamar de “chico-espertismo político” do Governo PS a “piscar” o olho” à hierarquia da “nossa” Igreja Católica tradicionalmente desconfiada e até “golpista”, ainda mais perante “geringonças” e afins…

No máximo, no máximo, admitir-se-ia que o Governo PS desse orientações expressas para estimular, oficialmente, a que a Administração Pública facilitasse a vida aos Funcionários Públicos interessados em utilizar esses dias – 12 e 13 Maio – em louvor ao Papa e a Fátima, MAS QUE ESSES DIAS LHES CONTASSEM COMO DIAS DE FÉRIAS (e não como “tolerância de ponto”). Aliás, o mesmo poderia o Governo fazer para “sensibilizar” as empresas privadas.

Ora, posta a situação como o Governo PS a pôs, tal constitui (mais) um privilégio à Igreja Católica mas que a sociedade, em geral, está a interpretar mais como sendo um privilégio oferecido aos Funcionários Públicos…

Cristo correu os “vendilhões do Templo” à força física!

Cremos que a única vez em que Jesus Cristo aparece fisicamente violento, segundo as versões da Bíblia, é quando enfrenta, colérico e com recurso à violência física – aos empurrões e à chicotada – os “vendilhões do Templo”, os “cambistas”, que eram os “banqueiros” à época, e os expulsa do Templo enquanto exclama, segundo S. João:- “não façais da casa de meu Pai uma casa de negócio!” – e em que S. Mateus é ainda mais drástico quando põe na boca de Jesus o vitupério desse momento: “a minha casa (o Templo) será chamada de casa de oração; vós, porém, a fazeis covil de salteadores!”.

Ora aí temos, santas, sábias e proféticas palavras…

Ou seja, se Cristo voltasse Homem-Deus à Terra, teria muito(s) para pontapear e chicotear! Teria, até, que pedir ajuda ao Espírito Santo (sem más conotações…) para realizar uma tão importante quanto, hoje, perigosa tarefa…

Avé !

 

Autor: João Dinis, Jano

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