A Adega Cooperativa de Nogueira do Cravo está na iminência de pôr cobro à sua actividade. A informação foi confirmada há instantes ao correiodabeiraserra.com pelo presidente da direcção Luís Vaz Pato que justificou o possível encerramento com um passivo acumulado que ronda um milhão de euros.
“No sistema em que a Adega funciona deve ser verdade que feche portas no final desta campanha”, referiu Luís Vaz Pato, sublinhando contudo que “ainda não está nada definido”.
Sublinhe-se que há já cerca de quatro anos que a direcção da Adega defende a comercialização conjunta dos vinhos pela União das Adegas Cooperativas do Dão (UDACA) a nível regional e nacional.
Embora membros da UDACA, muitas adegas cooperativas têm tentado vingar sozinhas no campo da comercialização, mas algumas já têm ficado pelo caminho como foi o caso da congénere de Tondela que em 2006 não conseguiu fazer face à crise que a assolou. Para Luís Vaz Pato, a comercialização dos vinhos pela UDACA continua a ser a única forma de evitar o encerramento da Adega de Nogueira do Cravo e deverá ser analisada em Assembleia-geral a realizar no próximo mês de Outubro.
“O banco e os sócios são os nossos credores e com o movimento que temos não conseguimos fazer face à dívida”, confessou o presidente da direcção que desde 1999 tem vindo a assistir ao agravamento da situação financeira. Os cerca de 200 associados têm as suas colheitas pagas apenas até 2003 e o cenário descrito por Vaz Pato é de agravamento e não de melhoria.
“Neste momento o vinho a granel vende-se a menos de metade do preço do que se vendia em 1999 e este ano até melhorou, porque no ano passado a campanha foi fraca”, contou, confessando-se desgostoso com o fim que se advinha para a Adega que dirige desde 2000.
“Custa-me com certeza por todos os motivos”, referiu, considerando que a crise financeira que se abateu sobre a adega tem prejudicado a região quer ao nível dos pagamentos, quer do potencial do vinho produzido e até mesmo ao nível do cultivo da videira.
De salientar que a Adega Cooperativa de Nogueira do Cravo vinha apostando nos últimos anos na modernização dos seus equipamentos que lhe permitiu colocar no mercado dois rótulos de vinho. O certificado como Vinho do Dão, o “Senhor das Almas” e, o vinho regional “Estrada Real”, sendo que com o primeiro a Adega vinha já competindo com outras marcas de vinhos nacionais. Era com base nesta capacidade de concorrência que Vaz Pato se vinha batendo por uma estratégia de comercialização que permitisse à Adega ultrapassar a crise que atravessa desde o final do século passado.