A frase foi proferida pelo histórico militante do Partido Socialista – António Campos –, que numa entrevista concedida ao Campeão das Províncias considera ainda que “não é por interesses nacionais” que o próximo Orçamento de Estado “vai passar”. “É porque o PSD está numa profunda crise e não existe na prática como uma estrutura política que possa ajudar Portugal”, advoga o antigo eurodeputado socialista.
Instado por aquele semanário a pronunciar-se sobre a necessidade de um novo bloco central a nível nacional, Campos é corrosivo: “as personalidades que hoje estão à frente do PSD ou do CDS não têm nada a ver com aquelas personalidades com quem era possível discutir e conversar sobre tudo sem haver um sectarismo”, refere aquele fundador do PS, invocando os tempos em que ele próprio esteve no Governo em aliança com o PSD.
“Mota Pinto era um homem fantástico e sobrepunha os interesses nacionais aos do partido. Já quando fizemos a aliança com o CDS, quem dirigia o partido era Freitas do Amaral”, recorda.
Frisando também que o Governo português está hoje “dependente da própria situação económica mundial”, Campos socorre-se do exemplo do colapso no sector da indústria de confecções de Oliveira do Hospital para justificar que “isso não tem nada a ver com a politica do Governo. Tem a ver com um problema que houve a nível mundial, que afectou todos os estados”, sublinha o antigo dirigente do PS, sustentando que “de repente essas empresas, que trabalham entre a 80 a 90 por cento para a exportação, ficaram sem encomendas”, em virtude de o mercado ter parado “de um momento para o outro”.
Confessando-se “afastadíssimo” da política, o agora principal produtor nacional da maçã de Bravo de Esmolfe diz que a sua época “já passou”.”Já cumpri o meu dever de cidadão. Hoje, o meu encanto é ir buscar meninos e empurrá-los para lá”, refere.