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“Coimbra não foi solidária com Oliveira do Hospital”

A crise que afeta o país e a “injustiça” de que continua a ser alvo o concelho de Oliveira do Hospital foram os temas que dominaram a sessão solene comemorativa do 37º aniversário do 25 de Abril, realizada esta manhã no salão nobre da Câmara Municipal.

Numa sessão onde fizeram eco as vozes das forças políticas com assento na Assembleia Municipal de Oliveira do Hospital, o presidente da Câmara reconheceu a evolução que o 25 de Abril representou ao nível do poder local, mas admitiu que o país atravessa “tempos de dificuldades, a que o concelho não está imune”.

Ainda que solidário com o resto do país – “Oliveira do Hospital é uma das partes” – José Carlos Alexandrino não deixou, hoje, de apontar o dedo ao “poder político central que muitas vezes não tem demonstrado solidariedade a Oliveira do Hospital”. “Coimbra” acabou por ser o principal alvo do presidente oliveirense, verificando que “não foi solidária com Oliveira do Hospital”.

Em causa está o recuo do governo no projeto de construção dos Itinerários Complementares (IC) 6, 7 e 37 e que, José Carlos Alexandrino não aceita, por entender que Oliveira do Hospital – “tem gente capaz e grandes empresários que dão dinâmica empresarial diferente”, sublinhou – já deveria beneficiar dos traçados por “uma questão de justiça”.

No exercício do segundo ano do seu mandato autárquico, Alexandrino lamenta continuar com a questão dos IC por resolver, mas rejeita o sentimento de derrota. “Derrotados são aqueles que não foram capazes de lutar pelos IC quando havia dinheiro”, afirmou, notando que por força da pressão que tem vindo a exercer junto do governo, foram realizados todos os estudos de impacte ambiental e, só agora, os IC estão em condições de ser lançados.

Sobre esta matéria, Alexandrino garante ter alertado o primeiro-ministro para a dimensão da injustiça que está a ser cometida na região porque “uma injustiça cometida durante muito tempo, maior é”.

O drama que atinge a juventude licenciada de Oliveira do Hospital, que se vê obrigada a emigrar e o desemprego que tem vindo assolar o concelho foram preocupações também vincadas pelo autarca que, numa fase de cortes nos cofres do município, voltou a colocar a tónica naquilo que são as prioridades concelhias.

A luta pelo emprego, saneamento básico, escola, saúde e outros direitos inalienáveis de todos os cidadãos foi evocada pelo presidente da Assembleia Municipal de Oliveira do Hospital como forma de cumprir Abril. É que para António Lopes, não basta recordar o marco histórico, é preciso “criar esperança e futuro” aos desempregados, idosos e reformados. “Cumprir Abril é gritar, sem peias nem mordaças, o nosso descontentamento pelas promessas não cumpridas, pelas ilusões criadas, pelo futuro adiado e comprometido”, afirmou o presidente da AM que também incluiu no rol das reivindicações a construção das estradas “há 20 anos prometidas”.

Sem deixar de se referir à necessidade de um verdadeiro Estado Social, Lopes criticou as circunstâncias que aceleraram a entrada do controlo financeiro exterior em Portugal e que vai “coartar e limitar a independência nacional”.

Comparando a situação atual com o “domínio dos Filipes de Espanha”, o representante da CDU teceu duras críticas à ação externa de que Portugal está a ser alvo. Sem conseguir identificar qualquer mais valia no trabalho que está a ser desenvolvido pela “Troika”, João Dinis alerta ainda para os lucros obtido pela banca nos últimos três anos e para a “história de sucesso dos patrões e mandantes dos governos e principais governantes do PS, PSD e CDS/PP”.

Verificando que “Portugal atravessa um dos piores momentos da sua história”, Dinis revelou-se confiante em alternativas que não passam pelo “ultimato da banca Europeia e do FMI”. Neste sentido, apelou ao “patriotismo, dignidade institucional e coragem política”.

O movimento de cidadãos independentes “Oliveira do Hospital Sempre” revelou-se mais preocupado com os jovens que, cada vez mais, recorrem à emigração em busca de melhores condições de vida. Rafael Costa alertou ainda para o desinteresse da população relativamente à política e chegou a constatar que “algo vai mal, quando os capitães de Abril dizem que não teriam feito o 25 de Abril”.

As maiores críticas ao governo acabaram por partir do lado do PSD que, na voz de João Esteves enumerou as várias ocasiões desperdiçadas com danos para as contas públicas. “Enfrentamos hoje uma crise sem precedentes que se agudizou com políticas dos governos dos últimos anos”, referiu o representante do PSD na Assembleia Municipal de Oliveira do Hospital, apelando ao povo para que “tenha dignidade de dar um novo rumo ao nosso país”.

Esteves lamentou que em resultado, os cortes tenham acontecido ao nível das obras públicas, com prejuízo para os acessos projetados para a região da Serra da Estrela. O social democrata chamou ainda a atenção para o impacto da crise no tecido empresarial concelhio e no aumento da taxa de desemprego para valores superiores à média nacional.

Para além de comemorar Abril, a sessão solene recordou também Manuel Cid Teles. O escritor faleceu no dia 25 de Abril de 2009 e durante este ano, a autarquia comemora o centenário do seu nascimento.

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